Na maioria das vezes (quase 95%), a
anorexia acomete mulheres jovens entre 12 e 25 anos (idade de início do quadro).
São pessoas que começam uma dieta, por vezes desnecessária, e não conseguem
mais parar, buscando metas de peso cada vez mais baixas, até que o
emagrecimento é notável (ficam esqueléticas), embora não se sintam magras o
suficiente. Em geral não perdem a fome mas a controlam, exercitam-se
exageradamente ou mostram- se hiperativas, fazendo muitas coisas e andando para
cá e para lá, quase sempre visando a implementar o consumo de calorias. Algumas
chegam a apresentar episódios bulímicos em que perdem o controle e comem
exageradamente (em geral, tudo que haviam excluído da dieta), e, ficando
atormentadas com o eventual ganho de peso, buscam compensar através não só de
jejuns ou mais exercícios, mas também através da indução de vômitos ou abuso de
laxantes e/ ou diuréticos, hormônios tireoidianos e drogas que inibem o
apetite.
A meta é se manter muito abaixo de um
peso que seria saudável para sua estatura, sexo e idade (geralmente mais que
15% abaixo do peso ideal ou num índice de massa corpórea menor que 17,5 kg/m),
o que freqüentemente faz com que parem de menstruar. Em geral os amigos e
familiares tentam intervir e fazêlas perceber o quanto estão magras ou comendo
pouco, mas isso é inútil e causa de muitos conflitos, pois negam qualquer
alteração ou problema. Tornam-se irritadiças, perfeccionistas, cheias de manias
(principalmente rituais alimentares), e isolam-se de contatos sociais,
sobretudo os que envolvem comida. Muitas vezes mostram-se tristes e ansiosas. Pode-se
alcançar cura em torno de 25% dos casos, sendo que aproximadamente 70% obtêm um
controle adequado da situação.
Pode ser necessário fazer com que a paciente
se alimente além do que considera adequado; porém, isso deve ser feito em
regime de internação hospitalar, quando não se consegue acordo com a mesma para
que colabore com o tratamento ambulatorial.
Angélica M.
Claudino
Azevedo
PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO
E ASSISTÊNCIA AOS
TRANSTORNOS ALIMENTARES,
UNIVERSIDADE FEDERAL
DE SÃO PAULO
[CH 156 – dezembro/1999]
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