quinta-feira, 12 de abril de 2012

Baleias à vista no litoral do Brasil


Jubartes ficam até novembro na Bahia para para se reproduzir e seguem para a Antártida

FOTOS: Enrico Marcovaldi/Projeto Baleia Jubarte

Galileu/Galileu  
Espetáculo: O peso de 40 toneladas não inibe os saltos característicos da espécie
É tempo de ver baleias no litoral sul da Bahia. Desde julho elas habitam e encantam a região do Arquipélago de Abrolhos, depois de terem percorrido 7 mil quilômetros a partir da Antártida em busca das águas quentes e calmas para reprodução e nascimento dos seus filhotes.



Até novembro elas cumprem um curioso ritual de acasalamento. Os machos participam de uma espécie de competição para ver quem será o escolhido de cada fêmea. Eles batem as caudas e nadadeiras e depois fazem a corte entoando o seu misterioso canto, como se fosse uma serenata. No ato sexual, as jubartes copulam com apenas um macho, em quanto as baleias-franca, por exemplo, cruzam com vários machos.

Galileu/Galileu  
Filhote de 2 toneladas: Após gestação de 11 meses as jubartes voltam a Abrolhos para dar à luz
As jubartes que engravidaram na temporada anterior também voltam à região para dar à luz sem a presença de predadores naturais por perto, como tubarões. A gestação das baleias dura 11 meses. Logo após o período de reprodução, os animais reiniciam a longa travessia pelo Atlântico até a Antártida. Somente lá as baleias se alimentam. Durante os seis meses que dura a viagem e a permanência no Brasil, elas não comem, sobrevivendo com uma reserva de gordura. De volta à Antártida, elas passam boa parte do tempo devorando toneladas de krill, uma espécie de camarão.

Galileu/Galileu  
Ao expor a nadadeira caudal, a baleia pode estar amamentando, cantando, descansando ou esfriando o corpo

Nesta temporada o Projeto Baleia Jubarte, que estuda e protege os animais na região de Abrolhos, já avistou mais de 200 baleias, mas acredita-se que até 2 mil animais percorram o litoral brasileiro nesse período. O projeto já identificou neste ano 50 espécimes por meio de fotografias da nadadeira caudal, que serve como uma impressão digital das jubartes. Por conta da pigmentação e das marcas naturais, nenhuma cauda é igual a outra. Tudo indica que hoje a população de jubartes cresça cerca de 7% ao ano, mas o animal ainda está à beira da extinção, de acordo com o Ibama. Até o final da década de 60 a pesca da baleia era permitida. Na ocasião, quando houve a proibição, restavam somente 15 mil espécimes em todo o mundo. Atualmente são cerca de 25 mil. (G.G.)

 http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT399389-1948,00.html


Cogumelos alucinógenos alteram a personalidade para sempre

Pesquisadora descobriu que uma dose pode deixar a pessoa mais 'aberta'

por Guilherme Rosa

 Shutterstock

A Universidade Johns Hopkins é principal centro de pesquisas com psilocibina nos Estados Unidos. A substância é um composto psicodélico encontrado em centenas de espécies de cogumelos alucinógenos, cujo consumo altera a percepção, causa alucinações visuais, traz euforia e pode dar início a experiências místicas. Aliás, esses cogumelos eram usados desde tempos ancestrais em rituais xamânicos. Além desses efeitos, a droga também pode causar as famosas “bad trips”, quando seu consumo causa ataques de pânico nos usuários. Nem todo cogumelo contém a substância – alguns são inclusive mortais se consumidos por seres humanos.

As pesquisas conduzidas na Universidade Johns Hopkins começam a abrir caminhos para a compreensão de todos esses efeitos. Desde 2006, estudos conduzidos no local tentam entender como a droga propicia as experiências místicas. No ano passado, a pesquisadora Katherine MacLean realizou uma revisão dos estudos anteriores e descobriu que a psilocibina altera a personalidade de seus usuários para sempre – ela os deixa mais abertos a novas experiências. A GALILEU conversou com a cientista sobre essas e outras pesquisas conduzidas na universidade. Veja a entrevista completa:

Como você se envolveu com esse estudo?

Eu cheguei na Universidade Johns Hopkins para estudar psicofarmacologia há 3 anos, quando eles já vinham fazendo esse tipo de experiência. Só dois estudos haviam sido publicados. O primeiro é de 2006, mas eles eram muito similares. Um deles comparava os efeitos de uma alta dose de psilocibina com uma dose de ritalina. O segundo comparava diferentes doses de psilocibina e placebos. Eu quis estudar a mudança de personalidade nos voluntários desses dois estudos, onde tivemos 64 voluntários.

E o que você percebeu?

Descobri que 30 dos indivíduos relataram ter tido uma experiência mística completa. As principais características dessa experiência são uma sensação de unidade e conexão, a ideia de que tudo é uma coisa só, que você está conectado a tudo no mundo, inclusive à sua ideia de deus. A sensação de unidade é o componente principal, onde as pessoas não sentem mais a separação entre elas e o resto do universo. Há o sentimento de sacralidade, uma experiência do divino, de fora desse mundo. Esses voluntários relataram sensações de felicidade, de paz

E essa experiência mudou suas vidas para sempre?

Nessa parte tivemos que confiar na palavra dos voluntários: 30% relataram que foi a experiência mais significativa de suas vidas. Quase todo mundo que tomou a alta dose disse que estava entre suas 10 experiências mais importantes. E nós também vimos que as mudanças de personalidade foram maiores em quem teve as experiências mais pessoais.

Segundo seu estudo, essa mudança de personalidade deixou as pessoas mais abertas. Como isso aconteceu?

Existem 5 domínios de personalidade [abertura, neuroticismo, extroversão, amabilidade e meticulosidade]. A abertura é uma categoria relacionada à criatividade, imaginação, aos interesses em artes, em musica, na expressão. Mais recentemente a abertura foi caracterizada como a motivação de buscar novas idéias e experiências. Não há como dizer se o aumento na abertura é necessariamente bom, mas nós temos visto isto que ele traz benefícios em domínios como criatividade e solução de problemas.

Esse tipo de mudança é comum?

Não, ela é rara em adultos. Os mais velhos tendem a ter uma abertura menor do que os mais jovens. A mesma pessoa tende a dizer que é menos aberta conforme envelhece. É possível como adulto ter uma mudança de personalidade, mas o mais comum é ver isso em casos clínicos, como em pessoas que são viciadas em drogas ou se recuperam de doenças.

Porque essa mudança aconteceu? Foi por causa de uma reação química no cérebro ou por conta da experiência vivida?

Eu sou muito interessada na parte bioquímica da equação. A psilocibina age diretamente na serotonina, possivelmente também no glutamato. Os dois podem estar relacionados à neuroplasticidade, o que pode significar que a estrutura e função do cérebro podem mudar em um adulto. Mas há pouca evidência para a gente falar que o cérebro muda permanentemente. De outro lado, o efeito pode ser psicológico. Ao ter uma experiência completamente diferente de qualquer coisa em sua rotina, isso pode abrir suas perspectivas para o que você pensa ser possível na vida comum. A mudança pode também ser relacionada às coisas que você vê durante a experiência, ou ao modo como você pensa, que é diferente do modo normal. Pode ser por causa das emoções diferentes, que você nunca sentiu – nós podemos levar pessoas que nunca riem ou choram a fazer essas coisas, a sentir essas emoções. Pode ser que, ao praticar um novo repertório de emoções e sentimentos, você mude sua personalidade.

Como vocês conseguem a droga para as experiências?

Você tem que conseguir uma nova aprovação toda vez que vai fazer um estudo. Quando o professor Roland Griffiths começou a fazer esses estudos, ele tinha que conseguir várias aprovações e preencher vários formulários, para várias agências do governo. Agora, como ele já fez essas pesquisas, ele só precisa fazer uma emenda se formos fazer novos estudos. A psilocibina é sintetizada por David Nichols, [professor de farmacologia na Univesidade de Purdue]. Ele tem uma licença governamental para produzir a substância.

Como administrar essa droga de modo seguro?

Nós desenvolvemos um jeito efetivo de aumentar as experiências positivas e reduzir experiências negativas na aplicação da droga. Muitos dos estudos com psilocibina foram feitos nos anos 50 e 60, e alguns cientistas davam as substâncias para as pessoas sem dizer do que se tratava. Mas logo ficou claro que isso não trazia bons resultados. Alguns pesquisadores viram que se você passasse mais tempo com as pessoas antes de sua experiência com a droga, se aprendesse mais sobre sua vida, se os pacientes dividissem com você seus medos, tudo seria mais tranquilo. Também temos que ter uma ou duas pessoas sóbrias presentes durante a seção.

Mas quais são os perigos?

Há um cientista na Inglaterra [David Nutt] que categorizou todas as drogas quanto à sua segurança e toxicidade, e a psilocibina e o LSD foram consideradas entre as mais seguras. Mesmo assim, se houver algum risco vindo da experiência, ele é psicológico. O maior efeito negativo de seu uso pode ser a ansiedade, medo e clássica paranóia característica da “bad trip”. Em nossos testes, nós vimos esse medo e ansiedade, mas lidamos com isso sem remédios ou sedação, só oferecendo nossa mão para segurar e ajudando os voluntários a saírem disso. Em alguns casos vimos mudanças de temperamento ou demora em lidar com questões existenciais. Alguns estudos mostram que os efeitos podem durar mais tempo em alguns voluntários. Esses casos são aparecem em pesquisas antigas, então não vimos nada desse tipo. Seria maravilhoso fazer testes clínicos maiores para ver qual a freqüência desses casos. Só houve algumas centenas de sessões nos anos recentes.
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É importante destacar que o modo como damos a psilocibina é muito diferente do uso recreativo. Nós a aplicamos num modo médico-terapêutico, controlamos todas as preocupações médicas e de segurança. É até possível que pessoas sozinhas tenham uma experiência boa com a psilocibina, mas nós desencorajamos as pessoas acharem que nossos resultados podem ser repetidos em casa.

Você pode falar sobre os outros estudos em execução?

Eu estou envolvida em um estudo com voluntários saudáveis, que não tenham experiências com psicodélicos ou meditação. Eles aprendem a meditar e tem 2 ou 3 sessões de psilocibina. Queremos estudar o desenvolvimento da meditação ao mesmo tempo em que se consome a droga. Também temos um estudo com pacientes com câncer, para analisar seu efeito em pessoas que têm ansiedade e depressão relacionados ao seu diagnóstico. O terceiro é um estudo piloto menor, para ver se a psilocibina ajudaria as pessoas a pararem de fumar.

Há um aumento nesse tipo de estudo?

Eu diria que há um aumento no interesse de pesquisadores jovens nesse tipo de estudo. O problema é o pouco numero de universidades e departamentos que queiram apoiar essas pesquisas, principalmente porque é uma área nova. Além disso, mesmo com as pequenas doações de pequenas instituições privadas, não há nenhum financiamento governamental desse tipo de estudo. 

http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI299674-17770,00-COGUMELOS+ALUCINOGENOS+ALTERAM+A+PERSONALIDADE+PARA+SEMPRE.html
 

Cientistas mapeiam funções do cérebro

Com a ajuda de veteranos da Guerra do Vietnã foi criado um detalhado mapa da inteligência

por Redação Galileu
Editora Globo 
 

Como estudar o cérebro? Uma estrutura tão complexa que é praticamente impossível associar uma área a determinada função. Normalmente, cientistas conseguem achar ligações entre uma coisa e outra, mas provar que atividades cerebrais estão ligadas a outro comportamento do organismo é mais complicado.
Foi pensando nisso que pesquisadores da Universidade de Illinois analisaram cerca de 182 veteranos da Guerra do Vietnã que sofreram algum dano cerebral durante a época em que serviram. A ideia é que, por essa perda ser localizada em uma parte específica do cérebro deles, era mais simples ver quais funções cognitivas estavam comprometidas neles. Isso permitiu que os cientistas conseguissem mapear as funções do cérebro.
As descobertas mostram que a inteligência, de forma generalizada, “fica” em um sistema neural que conecta o córtex pré-frontal esquerdo, o córtex temporal esquerdo e o córtex parietal do mesmo lado. Como você deve ter notado, a parte esquerda do órgão é mais ligada a funções lógicas, combinando com a crença antiga de que esse lado é o “analítico” enquanto a parte direita do cérebro é a artística.
Os cientistas até gravaram um vídeo que demonstra sua descoberta. Você pode acessá-lo na página do io9.
Via io9

http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI302056-17770,00-CIENTISTAS+MAPEIAM+FUNCOES+DO+CEREBRO.html

Baleia beluga dá à luz em aquário no Canadá


Após 15 meses de gestação, uma baleia beluga de 12 anos de idade chamada Qila deu à luz seu primeiro filhote no Aquário de Vancouver, no Canadá.

Foto: BBC
O filhote em meio ao processo de nascimento (Foto: BBC)

O nascimento foi transmitido ao vivo pela televisão local.

Qila foi a primeira beluga a ser gerada e nascer em um aquário canadense. Ela ainda vive no mesmo aquário, o de Vancouver, com sua mãe Aurora, de 21 anos.




Maris, baleia beluga, está grávida e deve dar à luz em junho nos EUA

Futura mãe vive no Aquário de Geórgia, nos Estados Unidos.
Espécie também é chamada de baleia-branca, devido à sua cor.

Do Globo Natureza, em São Paulo
 
A baleia beluga Maris, que vive no aquário de Georgia, nos Estados Unidos está grávida e deve dar à luz em junho. A espécie também é conhecida como baleia branca, devido à sua cor, e pode chegar até 5 metros de comprimento.  (Foto: AP Photo/John Bazemore) 
 
A baleia beluga Maris, que vive no aquário de Georgia, nos Estados Unidos está grávida e deve dar à luz em junho. A espécie também é conhecida como baleia-branca, devido à sua cor, e pode chegar até 5 metros de comprimento. (Foto: AP Photo/John Bazemore)
 
 
Fora do cativeiro, as belugas são vistas em grupos migratórios. Os mergulhos da beluga podem durar até 25 min, a profundidades de 800 metros, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza. A espécie se alimenta de peixes e moluscos é pode ser presa de orcas e ursos polares. (Foto: AP Photo/John Bazemore)Fora do cativeiro, as belugas são vistas em grupos migratórios. Elas podem mergulhar por até 25 min, a profundidades de 800 metros, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza. A espécie se alimenta de peixes e moluscos é pode ser presa de orcas e ursos polares. (Foto: AP Photo/John Bazemore)
A treinadora de animais do Aquário de Geórgia, Mackezie Mueller, trabalha com a beluga Maris.  (Foto: AP Photo/John Bazemore) 
 
A treinadora de animais do Aquário de Geórgia, Mackezie Mueller, faz carinho na beluga grávida Maris. (Foto: AP Photo/John Bazemore)

 

Cientistas ensinam elemento básico da leitura a babuínos

Macacos conseguem diferenciar palavras de letras sem sentido.
Pesquisa indica que mecanismos do cérebro existiam antes da escrita.

Cientistas franceses conseguiram ensinar a babuínos elementos básicos da leitura em um estudo publicado nesta quinta-feira (12) pela revista “Science”. Os macacos aprenderam a diferenciar sequências de letras que representavam palavras da língua inglesa de outras que não fariam sentido.
Os pesquisadores cadastraram várias sequências de quatro letras – algumas eram palavras e outras não – em um programa de computador. Na tela, os babuínos deveriam indicar se o que estavam vendo correspondia ou não a uma palavra. Quando acertavam, eram recompensados com um alimento.

Babuíno é capaz de aprender elementos básicos da leitura (Foto: J. Fagot/Divulgação) 
Babuíno é capaz de aprender elementos básicos da leitura (Foto: J. Fagot/Divulgação)
 
Depois de um mês e meio, os seis animais usados no experimento conseguiam identificar quais eram as palavras de verdade. Em média, eles tiveram cerca de 75% de acerto, e um deles conseguiu marcar 90%.
O autor Jonathan Grainger, da Universidade Aix-Marseille, na França, explicou que os macacos aprenderam “propriedades estatísticas que distinguem palavras de não palavras”. Essas propriedades são, por exemplo, encontros consonantais mais comuns, como “pr”, ou raros, como “dl”.
Até agora, os cientistas acreditavam que a capacidade de reconhecer palavras escritas com um alfabeto só seria possível com o domínio da linguagem. Com a descoberta, esta concepção pode ser alterada.
“Os resultados sugerem que os mecanismos biológicos básicos necessários para a leitura têm raízes evolucionárias mais profundas do que qualquer um poderia imaginar”, afirmou Michael Platt, da Universidade Duke, dos EUA, um dos autores de uma análise também publicada pela “Science”.
Em outras palavras, embora a escrita só tenha sido inventada com a civilização, o cérebro humano já tinha a capacidade necessária para ler desde muito antes.



http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/04/cientistas-ensinam-elemento-basico-da-leitura-babuinos.html