domingo, 8 de abril de 2012

Existe risco de contrair doenças, como a esquistossomose através desses moluscos?

 


A esquistossomose é uma verminose que ocorre em diferentes países da África, Ásia e das Américas. São várias as espécies de Schistosoma que causam a doença no homem mas, no Brasil, a esquistossomose – também conhecida como barriga-d’água – tem como agente causal uma única espécie, o Schistosoma mansoni. Essa espécie parasitária tem como hospedeiro intermediário caramujos do gênero Biomphalaria, sendo três as espécies descritas como importantes na transmissão da doença no país: B. glabrata, B. straminea e B. tenagophila.
 A transmissão ocorre quando ovos do parasita, eliminados junto com as fezes de um indivíduo com esquistossomose, conseguem alcançar a água e liberam miracídios, os quais vão infectar os caramujos. Nesse hospedeiro, o S. mansoni sofre várias transformações, dando origem, cerca de um mês depois, a numerosas cercárias – larvas responsáveis pela infecção do homem.
 
Nas horas mais quentes e luminosas do dia, as cercárias deixam os caramujos e nadam até encontrar o hospedeiro definitivo – um animal mamífero –, penetrando ativamente através da pele. No homem, que é o principal hospedeiro definitivo do S. mansoni, os primeiros ovos aparecem nas fezes cerca de sete a oito semanas depois do contato com as cercárias, e o ciclo completo desde a infecção dos caramujos pelos miracídios liberados pelos ovos do parasita presentes nas fezes do hospedeiro até a eliminação de ovos por novo hospedeiro definitivo demora cerca de três meses.
É difícil imaginar que os caramujos que apareceram no aquário possam estar infectados por tal parasita, pois é remota a possibilidade de contaminação do aquário com ovos do parasita encontrados em fezes de paciente com esquistossomose. Por outro lado, caso se confirme que o caramujo que apareceu no aquário pertença a uma das espécies hospedeiras do S. mansoni, é necessário estar atento para não liberá-los em qualquer corpo d’água, de modo a evitar o perigo de transformar um lago ou riacho em futuro criadouro de caramujos e potencial foco de transmissão do S. mansoni.

Herminia Yohko
Kanamura
FACULDADE DE CIÊNCIAS
FARMACÊUTICAS,
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
 [CH 161 – junho/2000