A esquistossomose é uma verminose que
ocorre em diferentes países da África, Ásia e das Américas. São várias as espécies
de Schistosoma que causam a doença
no homem mas, no Brasil, a esquistossomose – também conhecida como barriga-d’água
– tem como agente causal uma única espécie, o Schistosoma mansoni. Essa espécie parasitária tem como hospedeiro intermediário
caramujos do gênero Biomphalaria, sendo três as espécies descritas como importantes na transmissão
da doença no país: B. glabrata, B. straminea e B. tenagophila.
A transmissão ocorre quando ovos do parasita,
eliminados junto com as fezes de um indivíduo com esquistossomose, conseguem
alcançar a água e liberam miracídios, os quais vão infectar os caramujos. Nesse
hospedeiro, o S. mansoni sofre várias transformações, dando origem, cerca de um mês depois,
a numerosas cercárias – larvas responsáveis pela infecção do homem.
Nas horas mais quentes e luminosas do
dia, as cercárias deixam os caramujos e nadam até encontrar o hospedeiro
definitivo – um animal mamífero –, penetrando ativamente através da pele. No
homem, que é o principal hospedeiro definitivo do S. mansoni, os primeiros ovos
aparecem nas fezes cerca de sete a oito semanas depois do contato com as
cercárias, e o ciclo completo desde a infecção dos caramujos pelos miracídios
liberados pelos ovos do parasita presentes nas fezes do hospedeiro até a
eliminação de ovos por novo hospedeiro definitivo demora cerca de três meses.
É difícil imaginar que os caramujos
que apareceram no aquário possam estar infectados por tal parasita, pois é
remota a possibilidade de contaminação do aquário com ovos do parasita
encontrados em fezes de paciente com esquistossomose. Por outro lado, caso se
confirme que o caramujo que apareceu no aquário pertença a uma das espécies
hospedeiras do S. mansoni, é necessário estar atento para não liberá-los em qualquer
corpo d’água, de modo a evitar o perigo de transformar um lago ou riacho em
futuro criadouro de caramujos e potencial foco de transmissão do S. mansoni.
Herminia Yohko
Kanamura
FACULDADE DE CIÊNCIAS
FARMACÊUTICAS,
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
[CH 161 –
junho/2000