O HIV, vírus que causa a Aids, infecta
principalmente células que apresentam em sua superfície uma molécula chamada CD4
– presente especialmente nos linfócitos T-helper (os que “coordenam” a resposta
do organismo a agentes invasores) e nos macrófagos (leucócitos que ‘ingerem’ e
digerem os agentes invasores, apresentando ao sistema imunológico os antígenos
que desencadeiam a resposta contra os mesmos). A molécula CD4 serve como
receptor do vírus, assemelhandose a uma “fechadura“ que ele precisa abrir para
entrar na célula.
Para infectar células humanas, porém,
é preciso abrir, ao mesmo tempo, outra
fechadura (uma molécula denominada receptor de quimiocinas), que
serve de coreceptor para o vírus. Quimiocinas são substâncias usadas por
células do sistema de defesa como um sistema de comunicação, e a presença de
seus receptores (entre eles a molécula CCR5) na superfície de células também é
essencial para que a infecção ocorra.
Segundo dados já conhecidos, os indivíduos que apresentam mutação
em ambos os alelos (cópias) do gene que codifica a CCR5 (cerca de 1% da
população caucasiana) seriam menos suscetíveis à infecção pelo HIV, pois este
não conseguiria abrir essa fechadura modificada.
Nos que têm apenas um alelo mutado
(cerca de 15% das pessoas com ascendência européia), a progressão da
imunodeficiência causada por esse vírus é mais lenta.
Mauro Schechter
LABORATÓRIO DE AIDS,
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO,
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO DE JANEIRO
[CH 185 – agosto 2002]
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