sábado, 14 de abril de 2012

O mistério das bananas com ou sem sementes: Partenocarpia vegetativa



Muitas pessoas ainda continuam se perguntando como determinados frutos não contem sementes, e ao descascar e degustar a banana comum acabam notando pequenos pontos escuros no qual o chamam de sementes, onde na verdade não são. Pois, diante dessas questões conflitantes, descreverei de forma clara e objetiva os mistérios que norteiam esses problemas de identificação voltados para a semente da bananeira, que de certa forma geram grandes questionamentos, tipo:
Será que as bananas não contêm sementes?
Como se dá a formação dessas bananas sem fecundação?
A maioria das bananeiras cultivadas se reproduz de forma assexuada, por propagação vegetativa, a partir de seu rizoma, que é um tipo de caule subterrâneo, de crescimento horizontal, e que geralmente desenvolve folhas. O conjunto de várias dessas folhas forma o que popularmente, à primeira vista, chamamos de caule da bananeira.
Cada “caule” é capaz de formar ramos de flores que, sem que haja fecundação de seus ovários, formam bananas, reunidas em um cacho. Assim, esse fruto é classificado como partenocárpico; e aqueles pontinhos pretos que encontramos em seu interior são óvulos não fecundados, e não sementes, como algumas pessoas acreditam.
A vantagem de essas plantas se desenvolverem assim, além da ausência de sementes nas bananas, consiste no fato de que as mesmas crescem e dão frutos mais rapidamente. A desvantagem é que, por serem idênticas à planta-mãe, se a mesma possuir alguma anomalia, elas também a terão.
As bananas compradas no supermercado, que consumimos normalmente, não possuem sementes. Aqueles pontinhos pretos são apenas óvulos não-fecundados da flor da bananeira. A banana é um fruto partenocárpico, tal como o abacaxi, os frutos se formam sem fecundação. É por isso que não possui sementes.
As bananas com sementes só ocorrem nas espécies selvagens, que no Brasil podem aparecer em regiões litorâneas de Mata Atlântica. A espécie Musa balbisiana, vendida no mercado indonésio contém, excepcionalmente, sementes, e é considerada uma das espécies ancestrais das atuais variedades híbridas geralmente consumidas.
As bananas tradicionais, entretanto, reproduzem-se pela chamada propagação vegetativa, onde os brotos das novas plantas surgem a partir da planta-mãe. No caso das bananas, eles aparecem do chamado rizoma (um caule subterrâneo), estrutura na base da bananeira de onde saem as raízes. A grande vantagem é que a muda atinge a fase adulta em muito menos tempo que as frutas que começam a crescer a partir de uma semente. Mas a maior desvantagem é que todas as bananeiras serão idênticas à planta-mãe. Se a planta que deu origem aos brotos tiver doenças, as descendentes também terão.

Font Quer (1953) afirma como sendo um fenômeno onde há a formação dos frutos sem a prévia fecundação dos gametas femininos pelos masculinos; os rudimentos seminais, portanto, não transformam sementes ou quando ocorre as sementes são vazias ou estéreis. A partenocarpia pode ser autônoma ou vegetativa, ocorrendo sem qualquer estímulo ou estimulada, quando se exige certa excitação do estigma pelo pólen (que não consegue fertilizar os rudimentos seminais) ou infecções fúngicas, parasitas ou através de outros estímulos.

            Diversos fatores podem influenciar na formação de frutos partenogenéticos, como: condições de temperatura, polinização por uma espécie geneticamente distante, propensão à poliembrionia, etc. Experimentalmente, a partenogênese tem sido conseguida de várias formas, porém, segundo Chiarugi (1936), o melhor método para a indução da partenogênese haplóide é a polinização por uma espécie geneticamente distante, capaz de induzir partenocarpia, mas não fertilização. 

     Segundo Vidal & Vidal (2007), partenocarpia compreende ao desenvolvimento do fruto sem que haja fecundação, onde os frutos das gimnospermas não são classificados como verdadeiros frutos, e daí não estarem incluídos aqui. Se os considerássemos como tais, seriam classificados como infrutescências: gálbula (ciprestes) e estróbilos (pinheiros). 

    Mendes (1946) define a partenogênese como sendo o processo pelo qual um embrião se desenvolve de uma oosfera haplóide ou diplóide sem qualquer fusão de núcleos ou de células, tem sido constatada nas mais diversas plantas que, normalmente, se reproduzem por via sexuada e onde, portanto, a meiose e a fertilização são ocorrências normais.
Agora que você já conhece algumas particularidades dessa planta, vamos para mais uma curiosidade: você sabe o porquê desse fruto amadurecer tão rapidamente?
A resposta é a seguinte: a banana libera um hormônio vegetal chamado etileno. Esse gás é responsável por acelerar a maturação do fruto. Assim, se deixamos muitas bananas reunidas, ou colocarmos esse fruto, ainda verde, em recipiente fechado; os mesmos amadurecerão rapidamente, em virtude da ação do etileno. Quanto a isso, uma curiosidade é que a banana-prata é a que fica madura com mais facilidade, justamente pela alta liberação desse hormônio vegetal, após a sua colheita.
A banana é rica em carboidratos, sais minerais e vitaminas; e possui poucos lipídios. Sua composição faz com que seja um alimento muito saudável, capaz de:
- Prevenir a depressão, já que possui triptofano, capaz de estimular a produção de serotonina;
- Regular a glicose sanguínea, graças à vitamina B6;
- Prevenir a anemia, porque contém ferro;
- Reduzir os riscos de derrame, e a pressão alta, por conter potássio;
- Regular o intestino, graças às suas fibras e lipídios.
- Aliviar azias e enjôo, agindo como antiácido natural.
Além disso, para muitos adeptos da medicina alternativa, sua casca pode ser aplicada diretamente na pele, para acelerar a cicatrização de machucados, picadas de mosquitos, e para a eliminação de verrugas. Essa parte da banana também pode ser utilizada na culinária, para a fabricação de doces, bolos, pães e alimentos salgados.


REFERÊNCIAS:
CHIARUGI, A. La partenogenesi nelle piante superiori e la sua importanza per le indagini sulla loro constituzione genética. Boll. Soc. Ital. Biol. Sper., 9: 1182-1207. 1934. Cit. Em The Experimental Production of Haploids and Polyploids. Imperial Bureau of Plant Genetics. 28 pgs. 1936. 
FONT QUER, P. Diccionario de Botánica. Barcelona: Ed. Labor, 1953. 1244p. il. 
MENDES, A. J. T. Partenogênese, partenocarpia e casos anormais de fertilização em Coffea. Bragantia [online]. 1946, vol.6, n.6, pp. 265-272. ISSN 0006-8705. 
VIDAL, W. N.; VIDAL, M. R. R. Botânica – organografia: quadros sinóticos ilustrados de fanerógamos – 4ª Ed. Viçosa: Editora UFV, 2007.124p. il.





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