quarta-feira, 4 de abril de 2012

Estratégias e recursos didáticos no Ensino Fundamental e Médio: A evolução Humana


 Introdução

  Os seres humanos não descendem de um macaco, na verdade Charles Darwin nunca disse isso. Mesmo assim, suas idéias foram mal entendidas e ridicularizadas desde o início. Trabalhar as questões evolutivas nos espaços escolares continuam gerando grandes dificuldades de compreensão por parte dos alunos sobre o tema Evolução Biológica, o que demanda por parte do professor de biologia um trabalho teórico aliado a práticas metodológicas, que partam de conceitos simples a outros mais complexos. 

Material e Métodos
 
  Para as aulas de Ciências e Biologia referente a Evolução é necessário a utilização de materiais simples e de fácil acesso, que auxiliem de forma positiva nas aulas expositivas, teóricas e práticas. Para estudar a evolução da espécie humana, utilizou-se por base a obra “De Lucy a Luzia” de Eugênio Gulart, 2007 e outros recursos didáticos, como:
1.Filmes: A era do gelo, A origem do homem, 10.000 A.C., Homem das cavernas, A guerra do fogo, O berço de Luzia, Planeta do macacos - a origem, A evolução humana;
2.Confecção de modelos didáticos – Crânio, escultura de fosseis antigos;
3.Visitas: Museus, Universidades e sítios arqueológicos;
4.Confecção de linha  do tempo; árvore filogenética, escala evolutiva;
5.Simulação: Pegadas com argila, modelos de fóssil com massa de modelar;
6.Oficina de textos: O povo de Luzia , De Lucy a Luzia;

Figura 1- Lucy, o mais completo fóssil de hominídeo viveu a cerca de 3 milhões de anos. A ilustração tenta reconstituir a forma de Lucy à época de sua morte.
Figura 2- Panorama evolutivo da espécie humana.
 
Resultados e Discussão

Almeja-se que, partindo das atividades propostas, o aluno posa compreender o conceito de evolução e exponha a sua opinião no âmbito das discussões sobre evolução e temas afins.
Figura 3- A reconstrução do rosto de Luzia, sendo este o mais antigo fóssil humano encontrado no interior de Minas Gerais em Lagoa santa. Com vinte anos de idade e altura de 1,50 m e com alguns hábitos alimentares (comia frutas, raízes, folhas e raramente carne). A cabeça de Luzia foi reconstituída na Universidade de Manchester, Inglaterra e revela surpreendentes traços negróides
Figura 4- Escultura feita com cera de abelha na Escola Estadual Desembargador Silvério Soares em Areia Branca, pelo aluno Rodrigo L. Xavier do 3º ano. 

Segundo Charles Darwin, as miríades de espécies existentes na Terra são resultados de repetidas ramificações de uma ancestralidade comum – formando uma árvore da vida, num processo chamado de “evolução”. Então, homens e macacos possuem um ancestral comum, evidenciado pelos fósseis. 

Figura 5- Em 1974, na África do Sul, uma expedição de cientistas norte-americanos descobriu um fóssil de Australopithecus afarensis formado por 52 ossos e que pertenceu a uma criatura do sexo feminino com idade de 20 anos. Ela foi batizada de Lucy, em uma homenagem a canção dos Beatles (Lucy in the ski with diamonds).
 Conclusões
Espera-se como resultado, discussões sobre o mesmo tema, fazendo com que o aluno assuma a postura de agente ativo consoante as suas escolhas e o seu contexto sociocultural estimulado por uma ação docente que alia teoria e prática. 

A artemia salina


A UTILIZAÇÃO DE ARTEMIAS COMO INDICADOR NATURAL DE POLUIÇÃO NO AMBIENTE AQUÁTICO

PROF. Erivaldo L. Gomes


1.     INTRODUÇÃO

A visão antropocêntrica e cada vez mais consumista da sociedade moderna tem ocasionado uma utilização abusiva dos recursos naturais sem a preocupação com as futuras gerações. A problemática ambiental tem sido tema constantemente veiculado pelos meios de comunicação, acadêmicos e educacionais, no sentido de contribuir para uma postura mais consciente em relação à vida do planeta como um todo.
Esta pesquisa irá analisar um tipo especifico de ambiente aquático especificamente em águas salgadas da região litorânea da cidade de Areia Branca, tendo por base as artemias como um fator preponderante para evidencia da poluição ou não deste mesmo ambiente natural. De acordo com estudiosos da área é notório suas alterações de comportamento dessa espécie, quando estes ambientes naturais encontram-se comprometidos, baixas concentrações de oxigênio, baixas ou altas taxas de salinidade, entre outros, que contribuem significativamente para este fim cultural, fazendo com que esses seres hajam de forma atípica, ou seja, indicando mudanças no seu habitat natural.
A artemia é um camarão primitivo que vive em águas salgadas, sendo considerado um fóssil vivo. Surpreendentemente, possui uma propriedade semelhante a dos vegetais que é a diapausa, isto é, a capacidade de manter ovos dormentes (embriões latentes) por muito tempo. Fatores climáticos ou alterações ambientais podem subitamente ativar a eclosão dos ovos, assim como nos vegetais, tais alterações induzem a germinação de sementes.    (ENEM, 2002)
A artemia salina é um alimento ideal para peixes e camarões por ser um micro crustáceo sem carapaça rígida e rico em proteínas, vitaminas A e B, protovitamina A (evita o raquitismo), caroteno (intensifica a coloração dos peixes), fósforo, ferro, iodo, sódio e panzotenato de Cálcio. Como características principais, apresenta coloração especial de acordo com o alimento ingerido, sendo seres filtradores (bombeiam a água do mar pra o seu organismo, de onde selecionam partículas convenientes para serem ingeridas como alimento).
Nadam com a parte ventral do corpo voltada para cima, ou seja, para a luz. Vários estudos têm sido realizados com artemias, pois estes animais apresentam características que sugerem um potencial biológico: possuem alto teor de proteínas e são capazes de se alimentar de partículas orgânicas e inorgânicas em suspensão, sendo essas partículas orgânicas como seres unicelulares do tipo: bactérias, algas, algumas espécies de protozoários entre outros. Já os inorgânicos seriam água e sais minerais.
Tais características podem servir de parâmetro para uma avaliação de seu potencial econômico e ecológico das artemias. As variações da população dessas espécies podem ser usadas como um indicador de poluição aquática, pois, nesses ambientes, eles irão agir de forma atípica, onde o seu comportamento morfofisiológico e reprodutivo é quem vai determinar a qualidade do seu ambiente em questão. Muitas vezes podem ser notados por sua mudança de comportamento ou até mesmo embrionários, adquirindo assim, desenvolvimento gestacional direto ou indireto dependendo dos impactos causados no ambiente. 


Esse microcrustáceo encontrado ao longo dos cinco continentes tem como habitat natural lagos de águas salgadas e salinas, é adaptada para a sobrevivência em águas que sofrem marcantes variações, devido às estações do ano. A ampla distribuição e facilidade de obtenção de seus cistos fazem com que o gênero Artemia tenha sido usado em testes de toxicidade para a ampla variedade de produtos como pesticidas, petroquímicos, dispersantes, metais pesados, metabólicos de microorganismos e produtos carcinogênicos, desde a década de 1950.
 No Brasil estes testes foram inicialmente utilizados pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) em meados da década de 1980 para a avaliação da toxicidade aguda de substâncias, sendo a norma (CETESB LO5. O21) publicada em 1987. Até a década de 90 as artêmias foram comumente utilizadas em ensaios ecotoxicológicos com amostras líquidas, devido sua ampla distribuição geográfica e sua facilidade de cultivo.
A artemia pode ser utilizada como um agente de descontaminação ambiental, particularmente em ambientes aquáticos envolvidos num processo de reciclagem natural. Essa espécie pode ser cultivada e comercializada aumentando o potencial econômico do município. Levando em consideração o fator ecológico, onde o seu comportamento diferenciado, podendo assim ajudar no esclarecimento de alguns problemas ambientais, que estão em questão, ainda determina as questões ambientais, que de uma forma ou de outra, é de interesse humano, sendo ele, cientifico, cultural e econômico.
Esses microcrustáceos podem ser utilizados como fonte alternativa de alimentos de alto teor nutritivo vive em régios de água salgada – ambiente extremo nas quais poucas espécies se desenvolve, de forma que há poucos predadores e é um dos melhores alimentos vivos que pode ser fornecido aos peixes; acelera a recuperação de doenças e seus nauplios são indispensáveis na alimentação de peixes, cavalo-marinho e corais, entre outras espécies.

Esperamos que esse trabalho contribua para o processo educacional e cultural do nosso alunado, afim de que eles enveredem pelos os mesmos caminhos e que possam futuramente se tornarem reprodutores de uma consciência mais ecológica e saudável.


A Artemia sp (Branchipus stagnalis), conhecida também como camarão de salmora é um microcrustaceo, braquiópoda, pertencente ao filo Arthropoda, (Storer, 1991). Esta espécie está distribuída pelo mundo, sendo considerada cosmopolita e adaptada a um amplo alcance de ambientes (Medel, 1997). Dependendo dos diferentes parâmetros fisiológicos e bioquímicos do ambiente, as populações de artemia se reproduzem sexualmente ou parterogeneticamente, liberando náuplios ou cistos (Costa, 1985). Sendo esta a chave facilitadora que permite os pesquisadores avaliar a qualidade da água, por meios de observações feitas no comportamento deste animal, que por sua vez está adaptada à grande mudança ambiental, como variações abruptas de salinidade, de temperatura e de oxigênio dissolvido.
 Uma vez que essa espécie é considerada um ótimo bioindicador de poluição principalmente em testes de toxicidade aguda das águas, ou seja, é aquela em que os efeitos tóxicos são produzidos por uma única ou por múltiplas exposições a uma substância, por qualquer via e por um curto período de tempo, sendo que as manifestações ocorrem em um breve período. Estes testes demonstram ser muito eficazes para a determinação da ecotoxicidade (GOES, 1998).
Desta forma este zooplâncton faz uso do seu próprio mecanismo biológico produzindo cistos e conseqüentemente a diapausa como meio de garantir a sobrevivência da prole anostraca (Ricci 2001; Schroder 2005).
 
Esta espécie está adaptada à grande mudança ambiental, como variações abruptas de salinidade, de temperatura e de oxigênio dissolvido (Bayly, 1972). Apresentam-se como excelente dieta alimentar para peixes e crustáceos no ambiente natural, devido a isso preferem habitar locais com difícil sobrevivência para outras espécies , como salinas que atingem temperaturas de até 40ºC e salinidade de até 300 partes por mil, pois são menos predadas (Medel, 1997). 


As Artêmias são ricas em proteínas, vitaminas (caroteno) e sais minerais, por isso são utilizadas em larga escala em cultivo de camarões e peixes na fase larval, acelerando o crescimento dos animais, recuperando os indivíduos doentes, deixando-os mais sadios. Apresentam também, rusticidade operacional , facilidade no cultivo, no manejo, na estocagem do cisto e tamanho ideal para alimentar as larvas (Costa op. cit.).
O habitat nativo da Artemia sp aqui na Região costeira nas proximidades do manguezal do Município de Areia branca , estado do Rio Grande do Norte é os baldes salineiros pertencentes a empresa NORSAL.  

3.2 A Biologia da Branchipus stagnalis (Artemia salina)
O corpo está dividido em cabeça, tórax e abdome. A cabeça consiste de dois segmentos fusionados que suportam dois olhos pedunculados, um olho naúpilo, assim como as antênulas e antenas. As antênulas filiformes estão localizadas na parte dorsal. As antenas dos machos são transformadas em órgãos de preenssão. Nas fêmeas elas são curtas e foliáceas.


A reprodução De acordo com Mendel citado por Pereira (2001), a Artemia sp reproduz-se por partenogênese ou sexualmente. A pré-copulação da Artemia é iniciada por um macho comprimindo a membrana do útero e o último par de toracópodos com seu garfo muscular. O casal nada assim por um longo período de tempo, batendo seus toracópodos em movimento sincronizado. Os ovos são divididos em ovários pares, que se situam nos dois lados do trato digestivo, atrás dos toracópodos. Uma vez maduros os ovócitos são transferidos via ovidutos para dentro do útero.
Neste momento se efetua a copulação. O macho flexiona seu abdome para frente e uma das patas que possui é introduzida na abertura do útero onde o esperma é depositado. O que irá determinar se a fêmea será ovípara ou ovovivípara serão os fatores ambientais, um exemplo destes fatores é a alta salinidade.  

O encontrado na literatura que provoca a oviparidade (fazer com que a fêmea solte seus cistos ao invés de náuplios) é causa de stress ambiental, ou seja, enquanto para a obtenção direta de náuplios (a ovoviparidade) a salinidade deve se situar entre 30 a 80 partes por mil, valores acima ou abaixo desses provocam a "desova" de cistos, que permanecem em estado latente até que as condições ambientais se tornem favoráveis para a eclosão dos náuplios.

Os cistos ou ovos da artemia possuem um diâmetro médio de 0,2 a 0,3 mm com peso entre 2,8 a 4 mg. Em seguida é liberado um jovem náuplio com Tamanho de 0,45 mm de comprimento e 0,1mm de largura com peso de 0,01 mg. Passa de metanaúpilo fase I e II graças as reservas vitelinas. Durante os próximos 7 a 10 dias passa para os estágios metanaúpilo III e IV, que diferem um do outro no grau de segmentação do corpo, na transformação da 2ª antena e na aparência das pernas torácicas. Durante esse período o corpo aumenta de 0,5 para 2,5 a 4 mm. 

Os jovens com 5 a 6 mm até adulto 15 a 16 mm. Estão quase sempre acasalando. Crescimento - 15 estágios do ovo até a maturidade sexual que é atingida em duas etapas. Podem produzir 200 náuplios a cada cinco dias. Período de vida 21 dias.(Costa,1984) 

3.3  Fatores ambientais
  • Salinidade: entre 3 e 300 partes por mil.
  • Oxigênio: o mínimo de 1 a 2 mg/l. Ótimo, entorno de 4mg/l. Pode sobreviver a baixos teores de oxigênio ( 1 mg/litro ) aonde apresenta uma cor avermelhada ( aumento de hemolinfa).
  • Temperatura: suporta de 5ºC a 40ºC (ótimo de 25ºC a 28ºC).
  • Luz: sensíveis a luz devido aos seus olhos compostos.
  • pH: aproximadamente 8,0.
Conforme Pereira (2001) o cultivo de Artemia sp em ambiente natural, ocorre em tanques com a lamina d’água entre 45 a 50 cm. Deve-se inocular náuplios de Artemia numa quantidade de 600 náuplios por litro com a salinidade entre 80 a 100 partes por mil, flutuação da salinidade entre 100 a 250 partes por mil e temperatura entre 25 a 35 ºC.
A artemia salina obtém seu alimento pela filtração da água, podendo ingerir alimento com um tamanho de 5 a 50 mícron. As principais sugestões dadas por Pereira (op. cit) são:
  • Cyanofícea: Aphanothece stagnina, Spirulina subsalsa
  • Haptophyceae: Isochrysis galbana
  • Chrysophyceae: Monochysis lutheri
  • Bacilariophyceae: Phaedodactilum thcornutum, Thalassiosita pseudonana
  • Chlorophyceae: Chlamydomonas palla, Chlotella stigmatophora, Punaliela tertiolecta
Pelas características mostradas acima, pode-se afirmar que, este micro-crustáceo, apesar do diminuto tamanho, apresenta rusticidade operacional, ou seja, uma grande adaptabilidade a diversas condições físico-quimícas, podendo ser amplamente utilizado na aqüicultura, para alimentar as diversas fases larvais e pós-larvais de peixes e crustáceos. Os náuplios de Artemia têm um alto valor nutritivo, larvas com poucas horas de vida possuem: 42 % de proteínas, 23,2 % de gordura e 6 calorias por grama, enquanto o juvenil com 6 dias, tem 59,72 % de proteína, 7,0 % de gordura. Os indivíduos adultos com 10 dias têm 62,78% de proteínas e 6,5 % de gordura. O corpo de Artemia sp desde a fase de náupilo até adulto, não possui carapaça rígida de quitina o que facilita a alimentação dos peixes e camarões nas fases de larvas e pós-larvas.
Quanto a reprodução a artemia sp reproduz-se por partenogênese ou sexualmente. A précopulação da Artemia é iniciada por um macho comprimindo a membrana do útero e o último par de toracópodos com seu garfo muscular. O casal nada assim por um longo período de tempo, batendo seus toracópodos em movimento sincronizado. Os ovos são divididos em ovários pares, que se situam nos dois lados do trato digestivo, atrás dos toracópodos. Uma vez maduros os ovócitos são transferidos via ovidutos para dentro do útero.

CETÁCEOS

CETÁCEOS QUE OCORREM NA COSTA

Mamíferos totalmente adaptados à vida na água, os cetáceos - baleias, botos e golfinhos - sempre despertaram a curiosidade, a simpatia e o encantamento nas pessoas. Milhares de anos atrás, na Grécia, já existiam desenhos de homens nadando com golfinhos ou sendo salvos por eles de naufrágios. As baleias, com seu enorme tamanho, também fazem parte da mitologia de diversas culturas. Quem não se lembra de Mobi Dick, ou das baleias que "engoliram" Jonas e Pinóquio?
Através de estudos realizados pelo Projeto Golfinhos, foi confirmada a ocorrência de um total de 13 diferentes espécies de cetáceos na Costa Verde Fluminense, mais especificamente na Baía de Paraty: baleia-franca-do-sul, baleia-jubarte, baleia-minke, baleia-de-bryde, cachalote, orca, falsa-orca, baleia-piloto-de-peitorais-curtas, golfinho-pintado-do-atlântico, golfinho-de-dentes-rugosos, golfinho-flíper, golfinho-comum-de-bico-curto e boto-cinza. Portanto, a Baía de Paraty é uma das mais ricas baías brasileiras em termos de biodiversidade de cetáceos.
Aqui você ficará por dentro de interessantes informações sobre a biologia, a ecologia, as ameaças e o status das espécies que ocorrem na nossa região.
Através dos esclarecimentos sobre a vida desses animais contidos nesta série, você estará apto para cooperar com a conservação dessas fantásticas criaturas.

                    
1.PROJETO GOLFINHOS



O Projeto Golfinhos nasceu em dezembro de 1990, quando organizou-se o primeiro cruzeiro para a observação de cetáceos no litoral sul do Rio de Janeiro e norte de São Paulo.
A bordo de uma escuna, durante cinco dias, foram avistados e identificados cinco diferentes espécies de golfinhos e três espécies de baleias. Os resultados foram surpreendentes e animadores. Os pesquisadores depararam justamente com algumas espécies que procuravam, como a baleia-jubarte, o boto-cinza e os golfinhos-pintados e com outras que, até então, nem se sonhava encontrar em águas tão costeiras, como a baleia-de-bryde e o golfinho-de-dentes-rugosos.
A região da Baía da Ilha Grande, principalmente, chamou a atenção dos pesquisadores pela sua beleza ímpar e suas águas calmas e abrigadas. Os pesquisadores, que ao estudarem os cetáceos em seu hábitat estão tão acostumados a enfrentar problemas como a falta de infra-estrutura de locais isolados, mau tempo e mares revoltos, ficaram maravilhados com a possibilidade de estudá-los em um ambiente tão generoso. Não é todo "baleólogo" que, depois de um longo e cansativo dia de trabalho no mar, pode simplesmente "largar a âncora num belo porto e caminhar até a cidade para renovar suas energias, como acontece em Paraty e região.

1.1CETÁCEOS

Existem no mundo 79 espécies de cetáceos descritas. No Brasil este número vai para 39. Na Costa Verde, mais precisamente na Baía de Sepetiba e Ilha Grande, até o momento foram registradas 13 diferentes espécies de baleias, botos e golfinhos.
Caso você tenha a enorme felicidade de estar próximo de algum cetáceo, os pesquisadores dão algumas recomendações de como agir no caso de:
Algum cetáceo se aproximar da embarcação

    Golfinhos
     •  Manter constante a velocidade do barco, sem realizar mudanças súbitas de direção;
     •  Não lançar objetos na água (lixo, iscas artificiais, brinquedos, etc), nem tentar alimentar os animais jogando-lhes peixes, lulas ou qualquer outro tipo de comida: seria inútil e poderia molestá-los;
•  Evitar fazer qualquer tipo de barulho.

    1.2 Baleias
• Diminuir imediatamente a velocidade do barco;
• Não tentar direcionar o animal para um determinado local;
•Nunca tentar separar um grupo, nem posicionar-se entre os animais (principalmente no caso de fêmea      e filhote);
•  Não permitir que qualquer pessoa entre na água enquanto uma baleia estiver por perto;
•  Se alguma baleia se aproximar muito do barco e houver risco de colisão, afastar-se quando for possível ver claramente o animal a salvo na superfície. Se isso não for possível e a baleia chegar muito perto, desligar imediatamente o motor e não tornar a ligá-lo antes de avistá-la claramente a uma distância segura;
•  Não jogar objetos na água (lixo, iscas artificiais, brinquedos, etc), nem tentar alimentar os animais atirando-lhes peixes, lulas ou qualquer outro tipo de comida: seria inútil e poderia molestá-las;
•  Evitar fazer qualquer tipo de barulho.

Em qualquer dos casos acima, afaste-se imediatamente se:
     •  Houver mudança súbita na direção do deslocamento do animal (ou do grupo) ou em seu padrão de nado;
·         Uma baleia adulta começar a saltar ou bater as nadadeiras.
·        
Como nadar ou mergulhar com cetáceos sem risco

Se você for surpreendido na água pela presença de baleias:
     •  Se houver uma praia ou barco por perto, saia com calma da água, e, enquanto espera o animal se afastar, aproveite para observá-lo;
•  Se não for possível sair da água, procure fazer pouco barulho ou movimento. É muito difícil que isto aconteça, mas se por ventura a baleia se aproximar demais, basta que você nade para longe, batendo com os braços e as pernas na água, e ela normalmente se afastará;
•  Nunca tente perseguir ou nadar atrás de baleias, principalmente de filhotes.

No caso do encontro com golfinhos ou botos:
•  Não tente perseguir os animais;
• Não atire qualquer objeto em sua direção;
• Não faça muito barulho;
• Se por acaso algum golfinho aproximar-se de você, não tenha medo, ele provavelmente só veio "dar uma olhada" mais de perto e não vai atacá-lo;
•  Para não assustar ou afugentar o animal, mantenha os braços às costas e nade sem fazer movimentos bruscos e sem bater muito as pernas;
•  Se o animal se mantiver por perto, você pode brincar imitando seus movimentos (os golfinhos adoram essa brincadeira);
•  Mesmo que você se sinta tentado a tocá-lo, mantenha os braços às costas: o mero movimento do braço pode parecer agressivo ao golfinho;
•  Aproveite o momento de sorte para admirar os belos movimentos do animal!
•  Caso a curiosidade de algum golfinho o incomode, basta nadar batendo braços e pernas na água, que normalmente ele se afastará. Às vezes, as pessoas preferem observar os animais de fora da água, o que também pode ser muito divertido.
Procedimentos recomendados em caso de encalhe
              •  A primeira atitude a tomar quando se encontrar cetáceos encalhados, estejam vivos ou mortos, é avisar os pesquisadores, procurando imediatamente a instituição local envolvida com a conservação de cetáceos;
•  Não se deve tocar ou mexer em animais encalhados para não colocar a própria saúde em risco.      Agentes infecciosos podem ser transmitidos mesmo por animais aparentemente sadios. Além disso, o animal poderia machucar involuntariamente alguém ao bater as nadadeiras ou tentar movimentar-se;
•  Tentar empurrar um cetáceo de volta para a água é inútil e arriscado. Amarrar ou puxar o animal pela cauda ou pelas nadadeiras poderia matá-lo ou machucá-lo.

Se o animal estiver vivo, recomendamos os seguintes procedimentos:
     •  Se possível, fazer um abrigo simples para mantê-lo à sombra, usando por exemplo lonas ou lençóis      apoiados em algumas estacas;
•  Manter o corpo do animal úmido, jogando água do mar ou aplicando toalhas de cor clara molhadas, sempre tendo o cuidado de não jogar água ou tapar o orifício respiratório e os olhos;
• Controlar o barulho e o tumulto perto do animal;
•  Evitar o uso de flashes ou luzes diretamente sobre os olhos do animal.

Este material foi extraído do livro "Baleias, Botos e Golfinhos - Baía da Ilha Grande" de autoria de Bia Hetzel e Liliane Lodi. Ilustrações de Daniela Weil. Ed. Manati, RJ, 1996.




2.     BALEIA-JUBARTE (Megaptera novaeangliae)



2.1   Família - Balaenopteridae

2.2   Distribuição - espécie cosmopolita. No verão, alimenta-se próximo aos pólos e no inverno migra para os trópicos para se reproduzir e criar seus filhotes. Possui hábitos costeiros mas pode ser encontrada também em ilhas oceânicas como Fernando de Noronha e Trindade. No Brasil, ocorre desde o Rio Grande do Sul até o nordeste. O Banco de Abrolhos, na Bahia, constitui uma importante área de reprodução e cria no Atlântico Sul Ocidental, e a única devidamente comprovada até o momento (suspeita-se que na costa nordeste do Brasil possa existir outra). Atualmente, no Hemisfério Sul, existem possivelmente cerca de 12.000 indivíduos, divididos em 7 distintas populações.

2.3   Peso, medidas e características - corpo robusto. Adultos em geral, medem entre 12 e 16m e podem pesar mais de 40 toneladas. Dorso preto com manchas brancas irregulares na barriga. Nadadeiras peitorais e parte ventral da nadadeira caudal variam do preto total ao branco total, com padrões intermediários. Quilha central sobre a cabeça, que é arredondada e repleta de calosidades ou tubérculos, típicos da espécie, que podem estar recobertos por cracas e piolhos-de-baleia. A nadadeira dorsal é pequena, falcada ou achatada, situada sobre pequena corcova. A nadadeira caudal em forma de asa de borboleta, com bordas recortadas. Nadadeiras peitorais muito longas, correspondendo a 1/3 do comprimento do corpo, com bordas recortadas. Possui de 250 a 400 pares de barbatanas de coloração cinza-escuro ou marrom. Apresenta de 12 a 36 pregas ventrais, que estendem-se até perto da abertura genital.

2.4   Como nascem e quanto vivem - os machos disputam as fêmeas com lutas entre si e comportamentos agressivos. Nas áreas de reprodução a estrutura de grupo mais comumente observada são pares de fêmeas com filhotes acompanhadas de um ou mais machos denominados escortes. A maturidade sexual é alcançada com aproximadamente 11m. A gestação dura cerca de 1 ano. As fêmeas dão à luz a um único filhote que ao nascer mede cerca de 5m e pesam 1,5 tonelada. A amamentação dura de 6 a 10 meses. O intervalo médio entre as crias é de 2 anos. Pode viver, pelo menos, 40 anos.

2.5   Comportamento e hábitos - nada sozinha, em pares ou trios mas pode formar grupos temporários maiores nas áreas de alimentação e reprodução. Costuma saltar, bater com as nadadeiras e a cabeça na superfície da água, e por ser curiosa costuma aproximar-se de embarcações. Pode ficar com a cauda, a cabeça e as nadadeiras peitorais expostas na superfície da água por até algumas horas. Costuma projetar a nadadeira caudal fora da água antes de iniciar um mergulho profundo. Os machos costumam emitir sons semelhantes a canções que podem durar de 6 minutos até mais de uma hora nas áreas de reprodução para atrair e cortejar as fêmeas. O canto é composto de várias frases que se repetem de forma idêntica durante horas seguidas. Pequenas variações no canto da jubarte só são percebidas quando ouvidas ano após ano : aparentemente, a cada ano a baleia acrescenta uma nova frase ao canto. Distintas populações de baleias-jubarte executam diferentes cantos. Apresentam um complexo comportamento social. Quando molestada, pode soltar bolhas pelo orifício respiratório na água e emitir um barulho parecido com um som de trompete, como sinal de alerta. Borrifo em forma de balão, podendo atingir 3m de altura. 





2.6   Alimentação - principalmente no verão, em águas frias. Alimenta-se de krill, copépodos e pequenos peixes que formam cardumes. Possuem uma série de técnicas alimentares altamente especializadas.

2.7   Identificação Individual - a coloração da parte ventral da nadadeira caudal e a forma e recorte das bordas criam um desenho de cauda único em cada indivíduo. A forma, marcas e cicatrizes da nadadeira dorsal também tornam possível a identificação de distintos indivíduos.

2.8   Inimigos Naturais - as orcas (Orcinus orca), as falsas-orcas (Pseudorca crassidens) e possivelmente os grandes tubarões (Família Carcharhinidae).
Ameaças - devido aos seus hábitos costeiros durante seus períodos migratórios (julho a dezembro) a baleia-jubarte sofre com fortes pressões antrópicas como por exemplo capturas acidentais em redes de pesca, colisão com barcos e navios, poluição dos mares e a distruição de seus habitats. Outra ameaça potencial e iminente é o aumento do turismo para a observação de baleias (whalewatching) no Banco dos Abrolhos, que, se feito de forma irracional e descontrolada, pode molestar seriamente as baleias-jubarte. A atividade petrolífera na região do Banco dos Abrolhos e adjacências é causa de preocupação quanto a futuros impactos sobre a população de baleias. Existem registros de capturas em redes de deriva oceânicas para as regiões sul e sudeste do Brasil.

2.9   Status - encontra-se listada na categoria Vulnerável (IUCN, 1996) e está citada na Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção.










ANEXO DE APRESENTAÇÃO