quarta-feira, 4 de abril de 2012


CETÁCEOS

CETÁCEOS QUE OCORREM NA COSTA

Mamíferos totalmente adaptados à vida na água, os cetáceos - baleias, botos e golfinhos - sempre despertaram a curiosidade, a simpatia e o encantamento nas pessoas. Milhares de anos atrás, na Grécia, já existiam desenhos de homens nadando com golfinhos ou sendo salvos por eles de naufrágios. As baleias, com seu enorme tamanho, também fazem parte da mitologia de diversas culturas. Quem não se lembra de Mobi Dick, ou das baleias que "engoliram" Jonas e Pinóquio?
Através de estudos realizados pelo Projeto Golfinhos, foi confirmada a ocorrência de um total de 13 diferentes espécies de cetáceos na Costa Verde Fluminense, mais especificamente na Baía de Paraty: baleia-franca-do-sul, baleia-jubarte, baleia-minke, baleia-de-bryde, cachalote, orca, falsa-orca, baleia-piloto-de-peitorais-curtas, golfinho-pintado-do-atlântico, golfinho-de-dentes-rugosos, golfinho-flíper, golfinho-comum-de-bico-curto e boto-cinza. Portanto, a Baía de Paraty é uma das mais ricas baías brasileiras em termos de biodiversidade de cetáceos.
Aqui você ficará por dentro de interessantes informações sobre a biologia, a ecologia, as ameaças e o status das espécies que ocorrem na nossa região.
Através dos esclarecimentos sobre a vida desses animais contidos nesta série, você estará apto para cooperar com a conservação dessas fantásticas criaturas.

                    
1.PROJETO GOLFINHOS



O Projeto Golfinhos nasceu em dezembro de 1990, quando organizou-se o primeiro cruzeiro para a observação de cetáceos no litoral sul do Rio de Janeiro e norte de São Paulo.
A bordo de uma escuna, durante cinco dias, foram avistados e identificados cinco diferentes espécies de golfinhos e três espécies de baleias. Os resultados foram surpreendentes e animadores. Os pesquisadores depararam justamente com algumas espécies que procuravam, como a baleia-jubarte, o boto-cinza e os golfinhos-pintados e com outras que, até então, nem se sonhava encontrar em águas tão costeiras, como a baleia-de-bryde e o golfinho-de-dentes-rugosos.
A região da Baía da Ilha Grande, principalmente, chamou a atenção dos pesquisadores pela sua beleza ímpar e suas águas calmas e abrigadas. Os pesquisadores, que ao estudarem os cetáceos em seu hábitat estão tão acostumados a enfrentar problemas como a falta de infra-estrutura de locais isolados, mau tempo e mares revoltos, ficaram maravilhados com a possibilidade de estudá-los em um ambiente tão generoso. Não é todo "baleólogo" que, depois de um longo e cansativo dia de trabalho no mar, pode simplesmente "largar a âncora num belo porto e caminhar até a cidade para renovar suas energias, como acontece em Paraty e região.

1.1CETÁCEOS

Existem no mundo 79 espécies de cetáceos descritas. No Brasil este número vai para 39. Na Costa Verde, mais precisamente na Baía de Sepetiba e Ilha Grande, até o momento foram registradas 13 diferentes espécies de baleias, botos e golfinhos.
Caso você tenha a enorme felicidade de estar próximo de algum cetáceo, os pesquisadores dão algumas recomendações de como agir no caso de:
Algum cetáceo se aproximar da embarcação

    Golfinhos
     •  Manter constante a velocidade do barco, sem realizar mudanças súbitas de direção;
     •  Não lançar objetos na água (lixo, iscas artificiais, brinquedos, etc), nem tentar alimentar os animais jogando-lhes peixes, lulas ou qualquer outro tipo de comida: seria inútil e poderia molestá-los;
•  Evitar fazer qualquer tipo de barulho.

    1.2 Baleias
• Diminuir imediatamente a velocidade do barco;
• Não tentar direcionar o animal para um determinado local;
•Nunca tentar separar um grupo, nem posicionar-se entre os animais (principalmente no caso de fêmea      e filhote);
•  Não permitir que qualquer pessoa entre na água enquanto uma baleia estiver por perto;
•  Se alguma baleia se aproximar muito do barco e houver risco de colisão, afastar-se quando for possível ver claramente o animal a salvo na superfície. Se isso não for possível e a baleia chegar muito perto, desligar imediatamente o motor e não tornar a ligá-lo antes de avistá-la claramente a uma distância segura;
•  Não jogar objetos na água (lixo, iscas artificiais, brinquedos, etc), nem tentar alimentar os animais atirando-lhes peixes, lulas ou qualquer outro tipo de comida: seria inútil e poderia molestá-las;
•  Evitar fazer qualquer tipo de barulho.

Em qualquer dos casos acima, afaste-se imediatamente se:
     •  Houver mudança súbita na direção do deslocamento do animal (ou do grupo) ou em seu padrão de nado;
·         Uma baleia adulta começar a saltar ou bater as nadadeiras.
·        
Como nadar ou mergulhar com cetáceos sem risco

Se você for surpreendido na água pela presença de baleias:
     •  Se houver uma praia ou barco por perto, saia com calma da água, e, enquanto espera o animal se afastar, aproveite para observá-lo;
•  Se não for possível sair da água, procure fazer pouco barulho ou movimento. É muito difícil que isto aconteça, mas se por ventura a baleia se aproximar demais, basta que você nade para longe, batendo com os braços e as pernas na água, e ela normalmente se afastará;
•  Nunca tente perseguir ou nadar atrás de baleias, principalmente de filhotes.

No caso do encontro com golfinhos ou botos:
•  Não tente perseguir os animais;
• Não atire qualquer objeto em sua direção;
• Não faça muito barulho;
• Se por acaso algum golfinho aproximar-se de você, não tenha medo, ele provavelmente só veio "dar uma olhada" mais de perto e não vai atacá-lo;
•  Para não assustar ou afugentar o animal, mantenha os braços às costas e nade sem fazer movimentos bruscos e sem bater muito as pernas;
•  Se o animal se mantiver por perto, você pode brincar imitando seus movimentos (os golfinhos adoram essa brincadeira);
•  Mesmo que você se sinta tentado a tocá-lo, mantenha os braços às costas: o mero movimento do braço pode parecer agressivo ao golfinho;
•  Aproveite o momento de sorte para admirar os belos movimentos do animal!
•  Caso a curiosidade de algum golfinho o incomode, basta nadar batendo braços e pernas na água, que normalmente ele se afastará. Às vezes, as pessoas preferem observar os animais de fora da água, o que também pode ser muito divertido.
Procedimentos recomendados em caso de encalhe
              •  A primeira atitude a tomar quando se encontrar cetáceos encalhados, estejam vivos ou mortos, é avisar os pesquisadores, procurando imediatamente a instituição local envolvida com a conservação de cetáceos;
•  Não se deve tocar ou mexer em animais encalhados para não colocar a própria saúde em risco.      Agentes infecciosos podem ser transmitidos mesmo por animais aparentemente sadios. Além disso, o animal poderia machucar involuntariamente alguém ao bater as nadadeiras ou tentar movimentar-se;
•  Tentar empurrar um cetáceo de volta para a água é inútil e arriscado. Amarrar ou puxar o animal pela cauda ou pelas nadadeiras poderia matá-lo ou machucá-lo.

Se o animal estiver vivo, recomendamos os seguintes procedimentos:
     •  Se possível, fazer um abrigo simples para mantê-lo à sombra, usando por exemplo lonas ou lençóis      apoiados em algumas estacas;
•  Manter o corpo do animal úmido, jogando água do mar ou aplicando toalhas de cor clara molhadas, sempre tendo o cuidado de não jogar água ou tapar o orifício respiratório e os olhos;
• Controlar o barulho e o tumulto perto do animal;
•  Evitar o uso de flashes ou luzes diretamente sobre os olhos do animal.

Este material foi extraído do livro "Baleias, Botos e Golfinhos - Baía da Ilha Grande" de autoria de Bia Hetzel e Liliane Lodi. Ilustrações de Daniela Weil. Ed. Manati, RJ, 1996.




2.     BALEIA-JUBARTE (Megaptera novaeangliae)



2.1   Família - Balaenopteridae

2.2   Distribuição - espécie cosmopolita. No verão, alimenta-se próximo aos pólos e no inverno migra para os trópicos para se reproduzir e criar seus filhotes. Possui hábitos costeiros mas pode ser encontrada também em ilhas oceânicas como Fernando de Noronha e Trindade. No Brasil, ocorre desde o Rio Grande do Sul até o nordeste. O Banco de Abrolhos, na Bahia, constitui uma importante área de reprodução e cria no Atlântico Sul Ocidental, e a única devidamente comprovada até o momento (suspeita-se que na costa nordeste do Brasil possa existir outra). Atualmente, no Hemisfério Sul, existem possivelmente cerca de 12.000 indivíduos, divididos em 7 distintas populações.

2.3   Peso, medidas e características - corpo robusto. Adultos em geral, medem entre 12 e 16m e podem pesar mais de 40 toneladas. Dorso preto com manchas brancas irregulares na barriga. Nadadeiras peitorais e parte ventral da nadadeira caudal variam do preto total ao branco total, com padrões intermediários. Quilha central sobre a cabeça, que é arredondada e repleta de calosidades ou tubérculos, típicos da espécie, que podem estar recobertos por cracas e piolhos-de-baleia. A nadadeira dorsal é pequena, falcada ou achatada, situada sobre pequena corcova. A nadadeira caudal em forma de asa de borboleta, com bordas recortadas. Nadadeiras peitorais muito longas, correspondendo a 1/3 do comprimento do corpo, com bordas recortadas. Possui de 250 a 400 pares de barbatanas de coloração cinza-escuro ou marrom. Apresenta de 12 a 36 pregas ventrais, que estendem-se até perto da abertura genital.

2.4   Como nascem e quanto vivem - os machos disputam as fêmeas com lutas entre si e comportamentos agressivos. Nas áreas de reprodução a estrutura de grupo mais comumente observada são pares de fêmeas com filhotes acompanhadas de um ou mais machos denominados escortes. A maturidade sexual é alcançada com aproximadamente 11m. A gestação dura cerca de 1 ano. As fêmeas dão à luz a um único filhote que ao nascer mede cerca de 5m e pesam 1,5 tonelada. A amamentação dura de 6 a 10 meses. O intervalo médio entre as crias é de 2 anos. Pode viver, pelo menos, 40 anos.

2.5   Comportamento e hábitos - nada sozinha, em pares ou trios mas pode formar grupos temporários maiores nas áreas de alimentação e reprodução. Costuma saltar, bater com as nadadeiras e a cabeça na superfície da água, e por ser curiosa costuma aproximar-se de embarcações. Pode ficar com a cauda, a cabeça e as nadadeiras peitorais expostas na superfície da água por até algumas horas. Costuma projetar a nadadeira caudal fora da água antes de iniciar um mergulho profundo. Os machos costumam emitir sons semelhantes a canções que podem durar de 6 minutos até mais de uma hora nas áreas de reprodução para atrair e cortejar as fêmeas. O canto é composto de várias frases que se repetem de forma idêntica durante horas seguidas. Pequenas variações no canto da jubarte só são percebidas quando ouvidas ano após ano : aparentemente, a cada ano a baleia acrescenta uma nova frase ao canto. Distintas populações de baleias-jubarte executam diferentes cantos. Apresentam um complexo comportamento social. Quando molestada, pode soltar bolhas pelo orifício respiratório na água e emitir um barulho parecido com um som de trompete, como sinal de alerta. Borrifo em forma de balão, podendo atingir 3m de altura. 





2.6   Alimentação - principalmente no verão, em águas frias. Alimenta-se de krill, copépodos e pequenos peixes que formam cardumes. Possuem uma série de técnicas alimentares altamente especializadas.

2.7   Identificação Individual - a coloração da parte ventral da nadadeira caudal e a forma e recorte das bordas criam um desenho de cauda único em cada indivíduo. A forma, marcas e cicatrizes da nadadeira dorsal também tornam possível a identificação de distintos indivíduos.

2.8   Inimigos Naturais - as orcas (Orcinus orca), as falsas-orcas (Pseudorca crassidens) e possivelmente os grandes tubarões (Família Carcharhinidae).
Ameaças - devido aos seus hábitos costeiros durante seus períodos migratórios (julho a dezembro) a baleia-jubarte sofre com fortes pressões antrópicas como por exemplo capturas acidentais em redes de pesca, colisão com barcos e navios, poluição dos mares e a distruição de seus habitats. Outra ameaça potencial e iminente é o aumento do turismo para a observação de baleias (whalewatching) no Banco dos Abrolhos, que, se feito de forma irracional e descontrolada, pode molestar seriamente as baleias-jubarte. A atividade petrolífera na região do Banco dos Abrolhos e adjacências é causa de preocupação quanto a futuros impactos sobre a população de baleias. Existem registros de capturas em redes de deriva oceânicas para as regiões sul e sudeste do Brasil.

2.9   Status - encontra-se listada na categoria Vulnerável (IUCN, 1996) e está citada na Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção.










ANEXO DE APRESENTAÇÃO









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