CETÁCEOS
CETÁCEOS QUE
OCORREM NA COSTA
Mamíferos
totalmente adaptados à vida na água, os cetáceos - baleias, botos e golfinhos -
sempre despertaram a curiosidade, a simpatia e o encantamento nas pessoas.
Milhares de anos atrás, na Grécia, já existiam desenhos de homens nadando com
golfinhos ou sendo salvos por eles de naufrágios. As baleias, com seu enorme
tamanho, também fazem parte da mitologia de diversas culturas. Quem não se
lembra de Mobi Dick, ou das baleias que "engoliram" Jonas e Pinóquio?
Através
de estudos realizados pelo Projeto Golfinhos, foi confirmada a ocorrência de um
total de 13 diferentes espécies de cetáceos na Costa Verde Fluminense, mais
especificamente na Baía de Paraty: baleia-franca-do-sul, baleia-jubarte,
baleia-minke, baleia-de-bryde, cachalote, orca, falsa-orca, baleia-piloto-de-peitorais-curtas,
golfinho-pintado-do-atlântico, golfinho-de-dentes-rugosos, golfinho-flíper,
golfinho-comum-de-bico-curto e boto-cinza. Portanto, a Baía de Paraty é uma das
mais ricas baías brasileiras em termos de biodiversidade de cetáceos.
Aqui
você ficará por dentro de interessantes informações sobre a biologia, a
ecologia, as ameaças e o status das espécies que ocorrem na nossa região.
Através
dos esclarecimentos sobre a vida desses animais contidos nesta série, você
estará apto para cooperar com a conservação dessas fantásticas criaturas.
1.PROJETO GOLFINHOS
O Projeto Golfinhos nasceu
em dezembro de 1990, quando organizou-se o primeiro cruzeiro para a observação
de cetáceos no litoral sul do Rio de Janeiro e norte de São Paulo.
A
bordo de uma escuna, durante cinco dias, foram avistados e identificados cinco
diferentes espécies de golfinhos e três espécies de baleias. Os resultados
foram surpreendentes e animadores. Os pesquisadores depararam justamente com
algumas espécies que procuravam, como a baleia-jubarte, o boto-cinza e os
golfinhos-pintados e com outras que, até então, nem se sonhava encontrar em
águas tão costeiras, como a baleia-de-bryde e o golfinho-de-dentes-rugosos.
A região da Baía
da Ilha Grande, principalmente, chamou a atenção dos pesquisadores pela sua
beleza ímpar e suas águas calmas e abrigadas. Os pesquisadores, que ao
estudarem os cetáceos em seu hábitat estão tão acostumados a enfrentar
problemas como a falta de infra-estrutura de locais isolados, mau tempo e mares
revoltos, ficaram maravilhados com a possibilidade de estudá-los em um ambiente
tão generoso. Não é todo "baleólogo" que, depois de um longo e
cansativo dia de trabalho no mar, pode simplesmente "largar a âncora num
belo porto e caminhar até a cidade para renovar suas energias, como acontece em
Paraty e região.
1.1CETÁCEOS
Existem no mundo
79 espécies de cetáceos descritas. No Brasil este número vai para 39. Na Costa
Verde, mais precisamente na Baía de Sepetiba e Ilha Grande, até o momento foram
registradas 13 diferentes espécies de baleias, botos e golfinhos.
Caso você tenha a
enorme felicidade de estar próximo de algum cetáceo, os pesquisadores dão
algumas recomendações de como agir no caso de:
Algum
cetáceo se aproximar da embarcação
Golfinhos
•
Manter constante a velocidade do barco, sem realizar mudanças súbitas de
direção;
• Não lançar objetos na água (lixo, iscas artificiais, brinquedos, etc), nem tentar alimentar os animais jogando-lhes peixes, lulas ou qualquer outro tipo de comida: seria inútil e poderia molestá-los;
• Não lançar objetos na água (lixo, iscas artificiais, brinquedos, etc), nem tentar alimentar os animais jogando-lhes peixes, lulas ou qualquer outro tipo de comida: seria inútil e poderia molestá-los;
• Evitar
fazer qualquer tipo de barulho.
1.2 Baleias
• Diminuir imediatamente a
velocidade do barco;
• Não tentar direcionar o animal
para um determinado local;
•Nunca tentar separar um grupo, nem
posicionar-se entre os animais (principalmente no caso de fêmea
e filhote);
• Não permitir que qualquer
pessoa entre na água enquanto uma baleia estiver por perto;
• Se alguma baleia se aproximar
muito do barco e houver risco de colisão, afastar-se quando for possível
ver claramente o animal a salvo na superfície. Se isso não for possível e a
baleia chegar muito perto, desligar imediatamente o motor e não tornar a
ligá-lo antes de avistá-la claramente a uma distância segura;
• Não jogar objetos na água
(lixo, iscas artificiais, brinquedos, etc), nem tentar alimentar os animais atirando-lhes
peixes, lulas ou qualquer outro tipo de comida: seria inútil e poderia
molestá-las;
• Evitar fazer qualquer tipo de
barulho.
Em qualquer dos casos acima, afaste-se imediatamente se:
•
Houver mudança súbita na direção do deslocamento do animal (ou do grupo) ou em
seu padrão de nado;
·
Uma baleia adulta começar a saltar ou bater as
nadadeiras.
·
Como nadar ou mergulhar com cetáceos sem risco
Como nadar ou mergulhar com cetáceos sem risco
Se você for surpreendido na água pela presença de baleias:
•
Se houver uma praia ou barco por perto, saia com calma da água, e, enquanto
espera o animal se afastar, aproveite para observá-lo;
• Se não for possível sair da
água, procure fazer pouco barulho ou movimento. É muito difícil que isto aconteça,
mas se por ventura a baleia se aproximar demais, basta que você nade para
longe, batendo com os braços e as pernas na água, e ela normalmente se
afastará;
• Nunca tente perseguir ou nadar atrás de baleias, principalmente de filhotes.
• Nunca tente perseguir ou nadar atrás de baleias, principalmente de filhotes.
No caso do encontro com golfinhos ou botos:
• Não tente
perseguir os animais;
• Não atire qualquer
objeto em sua direção;
• Não faça muito
barulho;
• Se por acaso
algum golfinho aproximar-se de você, não tenha medo, ele provavelmente só veio
"dar uma olhada" mais de perto e não vai atacá-lo;
• Para não
assustar ou afugentar o animal, mantenha os braços às costas e nade sem fazer movimentos
bruscos e sem bater muito as pernas;
• Se o
animal se mantiver por perto, você pode brincar imitando seus movimentos (os
golfinhos adoram essa brincadeira);
• Mesmo que
você se sinta tentado a tocá-lo, mantenha os braços às costas: o mero movimento
do braço pode parecer agressivo ao golfinho;
• Aproveite
o momento de sorte para admirar os belos movimentos do animal!
• Caso a
curiosidade de algum golfinho o incomode, basta nadar batendo braços e pernas
na água, que normalmente ele se afastará. Às vezes, as pessoas preferem
observar os animais de fora da água, o que também pode ser muito
divertido.
Procedimentos
recomendados em caso de encalhe
• A primeira atitude
a tomar quando se encontrar cetáceos encalhados, estejam vivos ou mortos, é avisar
os pesquisadores, procurando imediatamente a instituição local envolvida com a
conservação de cetáceos;
• Não se
deve tocar ou mexer em animais encalhados para não colocar a própria saúde em
risco. Agentes infecciosos podem ser transmitidos
mesmo por animais aparentemente sadios. Além disso, o animal poderia machucar
involuntariamente alguém ao bater as nadadeiras ou tentar movimentar-se;
• Tentar
empurrar um cetáceo de volta para a água é inútil e arriscado. Amarrar ou puxar
o animal pela cauda ou pelas nadadeiras poderia matá-lo ou machucá-lo.
Se o animal estiver vivo, recomendamos os seguintes procedimentos:
•
Se possível, fazer um abrigo simples para mantê-lo à sombra, usando por exemplo
lonas ou lençóis apoiados em algumas estacas;
• Manter o corpo do animal
úmido, jogando água do mar ou aplicando toalhas de cor clara molhadas, sempre
tendo o cuidado de não jogar água ou tapar o orifício respiratório e os olhos;
• Controlar o barulho e o
tumulto perto do animal;
• Evitar o uso de flashes ou
luzes diretamente sobre os olhos do animal.
Este
material foi extraído do livro "Baleias, Botos e Golfinhos - Baía da Ilha
Grande" de autoria de Bia Hetzel e Liliane Lodi. Ilustrações de Daniela
Weil. Ed. Manati, RJ, 1996.
2. BALEIA-JUBARTE (Megaptera
novaeangliae)
2.1
Família - Balaenopteridae
2.2
Distribuição - espécie cosmopolita. No verão, alimenta-se próximo
aos pólos e no inverno migra para os trópicos para se reproduzir e criar seus
filhotes. Possui hábitos costeiros mas pode ser encontrada também em ilhas
oceânicas como Fernando de Noronha e Trindade. No Brasil, ocorre desde o Rio
Grande do Sul até o nordeste. O Banco de Abrolhos, na Bahia, constitui uma
importante área de reprodução e cria no Atlântico Sul Ocidental, e a única
devidamente comprovada até o momento (suspeita-se que na costa nordeste do
Brasil possa existir outra). Atualmente, no Hemisfério Sul, existem
possivelmente cerca de 12.000 indivíduos, divididos em 7 distintas populações.
2.3
Peso, medidas e características - corpo robusto. Adultos em geral, medem entre 12 e
16m e podem pesar mais de 40 toneladas. Dorso preto com manchas brancas
irregulares na barriga. Nadadeiras peitorais e parte ventral da nadadeira
caudal variam do preto total ao branco total, com padrões intermediários.
Quilha central sobre a cabeça, que é arredondada e repleta de calosidades ou
tubérculos, típicos da espécie, que podem estar recobertos por cracas e
piolhos-de-baleia. A nadadeira dorsal é pequena, falcada ou achatada, situada
sobre pequena corcova. A nadadeira caudal em forma de asa de borboleta, com
bordas recortadas. Nadadeiras peitorais muito longas, correspondendo a 1/3 do
comprimento do corpo, com bordas recortadas. Possui de 250 a 400 pares de
barbatanas de coloração cinza-escuro ou marrom. Apresenta de 12 a 36 pregas
ventrais, que estendem-se até perto da abertura genital.
2.4
Como nascem e quanto vivem - os machos disputam as
fêmeas com lutas entre si e comportamentos agressivos. Nas áreas de reprodução
a estrutura de grupo mais comumente observada são pares de fêmeas com filhotes
acompanhadas de um ou mais machos denominados escortes. A maturidade sexual é
alcançada com aproximadamente 11m. A gestação dura cerca de 1 ano. As fêmeas
dão à luz a um único filhote que ao nascer mede cerca de 5m e pesam 1,5
tonelada. A amamentação dura de 6 a 10 meses. O intervalo médio entre as crias
é de 2 anos. Pode viver, pelo menos, 40 anos.
2.5 Comportamento
e hábitos - nada
sozinha, em pares ou trios mas pode formar grupos temporários maiores nas áreas
de alimentação e reprodução. Costuma saltar, bater com as nadadeiras e a cabeça
na superfície da água, e por ser curiosa costuma aproximar-se de embarcações.
Pode ficar com a cauda, a cabeça e as nadadeiras peitorais expostas na
superfície da água por até algumas horas. Costuma projetar a nadadeira caudal
fora da água antes de iniciar um mergulho profundo. Os machos costumam emitir
sons semelhantes a canções que podem durar de 6 minutos até mais de uma hora
nas áreas de reprodução para atrair e cortejar as fêmeas. O canto é composto de
várias frases que se repetem de forma idêntica durante horas seguidas. Pequenas
variações no canto da jubarte só são percebidas quando ouvidas ano após ano :
aparentemente, a cada ano a baleia acrescenta uma nova frase ao canto.
Distintas populações de baleias-jubarte executam diferentes cantos. Apresentam
um complexo comportamento social. Quando molestada, pode soltar bolhas pelo
orifício respiratório na água e emitir um barulho parecido com um som de
trompete, como sinal de alerta. Borrifo em forma de balão, podendo atingir 3m
de altura.
2.6 Alimentação
- principalmente
no verão, em águas frias. Alimenta-se de krill, copépodos e pequenos peixes que
formam cardumes. Possuem uma série de técnicas alimentares altamente
especializadas.
2.7
Identificação Individual - a coloração da parte
ventral da nadadeira caudal e a forma e recorte das bordas criam um desenho de
cauda único em cada indivíduo. A forma, marcas e cicatrizes da nadadeira dorsal
também tornam possível a identificação de distintos indivíduos.
2.8 Inimigos
Naturais - as
orcas (Orcinus orca), as falsas-orcas (Pseudorca
crassidens)
e possivelmente os grandes tubarões (Família Carcharhinidae).
Ameaças - devido aos seus hábitos costeiros durante seus períodos migratórios (julho a dezembro) a baleia-jubarte sofre com fortes pressões antrópicas como por exemplo capturas acidentais em redes de pesca, colisão com barcos e navios, poluição dos mares e a distruição de seus habitats. Outra ameaça potencial e iminente é o aumento do turismo para a observação de baleias (whalewatching) no Banco dos Abrolhos, que, se feito de forma irracional e descontrolada, pode molestar seriamente as baleias-jubarte. A atividade petrolífera na região do Banco dos Abrolhos e adjacências é causa de preocupação quanto a futuros impactos sobre a população de baleias. Existem registros de capturas em redes de deriva oceânicas para as regiões sul e sudeste do Brasil.
Ameaças - devido aos seus hábitos costeiros durante seus períodos migratórios (julho a dezembro) a baleia-jubarte sofre com fortes pressões antrópicas como por exemplo capturas acidentais em redes de pesca, colisão com barcos e navios, poluição dos mares e a distruição de seus habitats. Outra ameaça potencial e iminente é o aumento do turismo para a observação de baleias (whalewatching) no Banco dos Abrolhos, que, se feito de forma irracional e descontrolada, pode molestar seriamente as baleias-jubarte. A atividade petrolífera na região do Banco dos Abrolhos e adjacências é causa de preocupação quanto a futuros impactos sobre a população de baleias. Existem registros de capturas em redes de deriva oceânicas para as regiões sul e sudeste do Brasil.
2.9 Status
- encontra-se
listada na categoria Vulnerável (IUCN, 1996) e está citada na Lista Oficial de
Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção.
ANEXO DE APRESENTAÇÃO
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