quarta-feira, 4 de abril de 2012

A artemia salina


A UTILIZAÇÃO DE ARTEMIAS COMO INDICADOR NATURAL DE POLUIÇÃO NO AMBIENTE AQUÁTICO

PROF. Erivaldo L. Gomes


1.     INTRODUÇÃO

A visão antropocêntrica e cada vez mais consumista da sociedade moderna tem ocasionado uma utilização abusiva dos recursos naturais sem a preocupação com as futuras gerações. A problemática ambiental tem sido tema constantemente veiculado pelos meios de comunicação, acadêmicos e educacionais, no sentido de contribuir para uma postura mais consciente em relação à vida do planeta como um todo.
Esta pesquisa irá analisar um tipo especifico de ambiente aquático especificamente em águas salgadas da região litorânea da cidade de Areia Branca, tendo por base as artemias como um fator preponderante para evidencia da poluição ou não deste mesmo ambiente natural. De acordo com estudiosos da área é notório suas alterações de comportamento dessa espécie, quando estes ambientes naturais encontram-se comprometidos, baixas concentrações de oxigênio, baixas ou altas taxas de salinidade, entre outros, que contribuem significativamente para este fim cultural, fazendo com que esses seres hajam de forma atípica, ou seja, indicando mudanças no seu habitat natural.
A artemia é um camarão primitivo que vive em águas salgadas, sendo considerado um fóssil vivo. Surpreendentemente, possui uma propriedade semelhante a dos vegetais que é a diapausa, isto é, a capacidade de manter ovos dormentes (embriões latentes) por muito tempo. Fatores climáticos ou alterações ambientais podem subitamente ativar a eclosão dos ovos, assim como nos vegetais, tais alterações induzem a germinação de sementes.    (ENEM, 2002)
A artemia salina é um alimento ideal para peixes e camarões por ser um micro crustáceo sem carapaça rígida e rico em proteínas, vitaminas A e B, protovitamina A (evita o raquitismo), caroteno (intensifica a coloração dos peixes), fósforo, ferro, iodo, sódio e panzotenato de Cálcio. Como características principais, apresenta coloração especial de acordo com o alimento ingerido, sendo seres filtradores (bombeiam a água do mar pra o seu organismo, de onde selecionam partículas convenientes para serem ingeridas como alimento).
Nadam com a parte ventral do corpo voltada para cima, ou seja, para a luz. Vários estudos têm sido realizados com artemias, pois estes animais apresentam características que sugerem um potencial biológico: possuem alto teor de proteínas e são capazes de se alimentar de partículas orgânicas e inorgânicas em suspensão, sendo essas partículas orgânicas como seres unicelulares do tipo: bactérias, algas, algumas espécies de protozoários entre outros. Já os inorgânicos seriam água e sais minerais.
Tais características podem servir de parâmetro para uma avaliação de seu potencial econômico e ecológico das artemias. As variações da população dessas espécies podem ser usadas como um indicador de poluição aquática, pois, nesses ambientes, eles irão agir de forma atípica, onde o seu comportamento morfofisiológico e reprodutivo é quem vai determinar a qualidade do seu ambiente em questão. Muitas vezes podem ser notados por sua mudança de comportamento ou até mesmo embrionários, adquirindo assim, desenvolvimento gestacional direto ou indireto dependendo dos impactos causados no ambiente. 


Esse microcrustáceo encontrado ao longo dos cinco continentes tem como habitat natural lagos de águas salgadas e salinas, é adaptada para a sobrevivência em águas que sofrem marcantes variações, devido às estações do ano. A ampla distribuição e facilidade de obtenção de seus cistos fazem com que o gênero Artemia tenha sido usado em testes de toxicidade para a ampla variedade de produtos como pesticidas, petroquímicos, dispersantes, metais pesados, metabólicos de microorganismos e produtos carcinogênicos, desde a década de 1950.
 No Brasil estes testes foram inicialmente utilizados pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) em meados da década de 1980 para a avaliação da toxicidade aguda de substâncias, sendo a norma (CETESB LO5. O21) publicada em 1987. Até a década de 90 as artêmias foram comumente utilizadas em ensaios ecotoxicológicos com amostras líquidas, devido sua ampla distribuição geográfica e sua facilidade de cultivo.
A artemia pode ser utilizada como um agente de descontaminação ambiental, particularmente em ambientes aquáticos envolvidos num processo de reciclagem natural. Essa espécie pode ser cultivada e comercializada aumentando o potencial econômico do município. Levando em consideração o fator ecológico, onde o seu comportamento diferenciado, podendo assim ajudar no esclarecimento de alguns problemas ambientais, que estão em questão, ainda determina as questões ambientais, que de uma forma ou de outra, é de interesse humano, sendo ele, cientifico, cultural e econômico.
Esses microcrustáceos podem ser utilizados como fonte alternativa de alimentos de alto teor nutritivo vive em régios de água salgada – ambiente extremo nas quais poucas espécies se desenvolve, de forma que há poucos predadores e é um dos melhores alimentos vivos que pode ser fornecido aos peixes; acelera a recuperação de doenças e seus nauplios são indispensáveis na alimentação de peixes, cavalo-marinho e corais, entre outras espécies.

Esperamos que esse trabalho contribua para o processo educacional e cultural do nosso alunado, afim de que eles enveredem pelos os mesmos caminhos e que possam futuramente se tornarem reprodutores de uma consciência mais ecológica e saudável.


A Artemia sp (Branchipus stagnalis), conhecida também como camarão de salmora é um microcrustaceo, braquiópoda, pertencente ao filo Arthropoda, (Storer, 1991). Esta espécie está distribuída pelo mundo, sendo considerada cosmopolita e adaptada a um amplo alcance de ambientes (Medel, 1997). Dependendo dos diferentes parâmetros fisiológicos e bioquímicos do ambiente, as populações de artemia se reproduzem sexualmente ou parterogeneticamente, liberando náuplios ou cistos (Costa, 1985). Sendo esta a chave facilitadora que permite os pesquisadores avaliar a qualidade da água, por meios de observações feitas no comportamento deste animal, que por sua vez está adaptada à grande mudança ambiental, como variações abruptas de salinidade, de temperatura e de oxigênio dissolvido.
 Uma vez que essa espécie é considerada um ótimo bioindicador de poluição principalmente em testes de toxicidade aguda das águas, ou seja, é aquela em que os efeitos tóxicos são produzidos por uma única ou por múltiplas exposições a uma substância, por qualquer via e por um curto período de tempo, sendo que as manifestações ocorrem em um breve período. Estes testes demonstram ser muito eficazes para a determinação da ecotoxicidade (GOES, 1998).
Desta forma este zooplâncton faz uso do seu próprio mecanismo biológico produzindo cistos e conseqüentemente a diapausa como meio de garantir a sobrevivência da prole anostraca (Ricci 2001; Schroder 2005).
 
Esta espécie está adaptada à grande mudança ambiental, como variações abruptas de salinidade, de temperatura e de oxigênio dissolvido (Bayly, 1972). Apresentam-se como excelente dieta alimentar para peixes e crustáceos no ambiente natural, devido a isso preferem habitar locais com difícil sobrevivência para outras espécies , como salinas que atingem temperaturas de até 40ºC e salinidade de até 300 partes por mil, pois são menos predadas (Medel, 1997). 


As Artêmias são ricas em proteínas, vitaminas (caroteno) e sais minerais, por isso são utilizadas em larga escala em cultivo de camarões e peixes na fase larval, acelerando o crescimento dos animais, recuperando os indivíduos doentes, deixando-os mais sadios. Apresentam também, rusticidade operacional , facilidade no cultivo, no manejo, na estocagem do cisto e tamanho ideal para alimentar as larvas (Costa op. cit.).
O habitat nativo da Artemia sp aqui na Região costeira nas proximidades do manguezal do Município de Areia branca , estado do Rio Grande do Norte é os baldes salineiros pertencentes a empresa NORSAL.  

3.2 A Biologia da Branchipus stagnalis (Artemia salina)
O corpo está dividido em cabeça, tórax e abdome. A cabeça consiste de dois segmentos fusionados que suportam dois olhos pedunculados, um olho naúpilo, assim como as antênulas e antenas. As antênulas filiformes estão localizadas na parte dorsal. As antenas dos machos são transformadas em órgãos de preenssão. Nas fêmeas elas são curtas e foliáceas.


A reprodução De acordo com Mendel citado por Pereira (2001), a Artemia sp reproduz-se por partenogênese ou sexualmente. A pré-copulação da Artemia é iniciada por um macho comprimindo a membrana do útero e o último par de toracópodos com seu garfo muscular. O casal nada assim por um longo período de tempo, batendo seus toracópodos em movimento sincronizado. Os ovos são divididos em ovários pares, que se situam nos dois lados do trato digestivo, atrás dos toracópodos. Uma vez maduros os ovócitos são transferidos via ovidutos para dentro do útero.
Neste momento se efetua a copulação. O macho flexiona seu abdome para frente e uma das patas que possui é introduzida na abertura do útero onde o esperma é depositado. O que irá determinar se a fêmea será ovípara ou ovovivípara serão os fatores ambientais, um exemplo destes fatores é a alta salinidade.  

O encontrado na literatura que provoca a oviparidade (fazer com que a fêmea solte seus cistos ao invés de náuplios) é causa de stress ambiental, ou seja, enquanto para a obtenção direta de náuplios (a ovoviparidade) a salinidade deve se situar entre 30 a 80 partes por mil, valores acima ou abaixo desses provocam a "desova" de cistos, que permanecem em estado latente até que as condições ambientais se tornem favoráveis para a eclosão dos náuplios.

Os cistos ou ovos da artemia possuem um diâmetro médio de 0,2 a 0,3 mm com peso entre 2,8 a 4 mg. Em seguida é liberado um jovem náuplio com Tamanho de 0,45 mm de comprimento e 0,1mm de largura com peso de 0,01 mg. Passa de metanaúpilo fase I e II graças as reservas vitelinas. Durante os próximos 7 a 10 dias passa para os estágios metanaúpilo III e IV, que diferem um do outro no grau de segmentação do corpo, na transformação da 2ª antena e na aparência das pernas torácicas. Durante esse período o corpo aumenta de 0,5 para 2,5 a 4 mm. 

Os jovens com 5 a 6 mm até adulto 15 a 16 mm. Estão quase sempre acasalando. Crescimento - 15 estágios do ovo até a maturidade sexual que é atingida em duas etapas. Podem produzir 200 náuplios a cada cinco dias. Período de vida 21 dias.(Costa,1984) 

3.3  Fatores ambientais
  • Salinidade: entre 3 e 300 partes por mil.
  • Oxigênio: o mínimo de 1 a 2 mg/l. Ótimo, entorno de 4mg/l. Pode sobreviver a baixos teores de oxigênio ( 1 mg/litro ) aonde apresenta uma cor avermelhada ( aumento de hemolinfa).
  • Temperatura: suporta de 5ºC a 40ºC (ótimo de 25ºC a 28ºC).
  • Luz: sensíveis a luz devido aos seus olhos compostos.
  • pH: aproximadamente 8,0.
Conforme Pereira (2001) o cultivo de Artemia sp em ambiente natural, ocorre em tanques com a lamina d’água entre 45 a 50 cm. Deve-se inocular náuplios de Artemia numa quantidade de 600 náuplios por litro com a salinidade entre 80 a 100 partes por mil, flutuação da salinidade entre 100 a 250 partes por mil e temperatura entre 25 a 35 ºC.
A artemia salina obtém seu alimento pela filtração da água, podendo ingerir alimento com um tamanho de 5 a 50 mícron. As principais sugestões dadas por Pereira (op. cit) são:
  • Cyanofícea: Aphanothece stagnina, Spirulina subsalsa
  • Haptophyceae: Isochrysis galbana
  • Chrysophyceae: Monochysis lutheri
  • Bacilariophyceae: Phaedodactilum thcornutum, Thalassiosita pseudonana
  • Chlorophyceae: Chlamydomonas palla, Chlotella stigmatophora, Punaliela tertiolecta
Pelas características mostradas acima, pode-se afirmar que, este micro-crustáceo, apesar do diminuto tamanho, apresenta rusticidade operacional, ou seja, uma grande adaptabilidade a diversas condições físico-quimícas, podendo ser amplamente utilizado na aqüicultura, para alimentar as diversas fases larvais e pós-larvais de peixes e crustáceos. Os náuplios de Artemia têm um alto valor nutritivo, larvas com poucas horas de vida possuem: 42 % de proteínas, 23,2 % de gordura e 6 calorias por grama, enquanto o juvenil com 6 dias, tem 59,72 % de proteína, 7,0 % de gordura. Os indivíduos adultos com 10 dias têm 62,78% de proteínas e 6,5 % de gordura. O corpo de Artemia sp desde a fase de náupilo até adulto, não possui carapaça rígida de quitina o que facilita a alimentação dos peixes e camarões nas fases de larvas e pós-larvas.
Quanto a reprodução a artemia sp reproduz-se por partenogênese ou sexualmente. A précopulação da Artemia é iniciada por um macho comprimindo a membrana do útero e o último par de toracópodos com seu garfo muscular. O casal nada assim por um longo período de tempo, batendo seus toracópodos em movimento sincronizado. Os ovos são divididos em ovários pares, que se situam nos dois lados do trato digestivo, atrás dos toracópodos. Uma vez maduros os ovócitos são transferidos via ovidutos para dentro do útero.

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