A UTILIZAÇÃO DE
ARTEMIAS COMO INDICADOR NATURAL DE POLUIÇÃO NO AMBIENTE AQUÁTICO
PROF. Erivaldo L. Gomes
1.
INTRODUÇÃO
A
visão antropocêntrica e cada vez mais consumista da sociedade moderna tem
ocasionado uma utilização abusiva dos recursos naturais sem a preocupação com
as futuras gerações. A problemática ambiental tem sido tema constantemente
veiculado pelos meios de comunicação, acadêmicos e educacionais, no sentido de
contribuir para uma postura mais consciente em relação à vida do planeta como
um todo.
Esta
pesquisa irá analisar um tipo especifico de ambiente aquático especificamente
em águas salgadas da região litorânea da cidade de Areia Branca, tendo por base
as artemias como um fator preponderante para evidencia da poluição ou não deste
mesmo ambiente natural. De acordo com estudiosos da área é notório suas
alterações de comportamento dessa espécie, quando estes ambientes naturais
encontram-se comprometidos, baixas concentrações de oxigênio, baixas ou altas taxas
de salinidade, entre outros, que contribuem significativamente para este fim
cultural, fazendo com que esses seres hajam de forma atípica, ou seja,
indicando mudanças no seu habitat natural.
A
artemia é um camarão primitivo que vive em águas salgadas, sendo considerado um
fóssil vivo. Surpreendentemente, possui uma propriedade semelhante a dos
vegetais que é a diapausa, isto é, a capacidade de manter ovos dormentes
(embriões latentes) por muito tempo. Fatores climáticos ou alterações
ambientais podem subitamente ativar a eclosão dos ovos, assim como nos
vegetais, tais alterações induzem a germinação de sementes. (ENEM, 2002)
A artemia salina é um alimento
ideal para peixes e camarões por ser um micro crustáceo sem carapaça rígida e
rico em proteínas, vitaminas A e B, protovitamina A (evita o raquitismo),
caroteno (intensifica a coloração dos peixes), fósforo, ferro, iodo, sódio e
panzotenato de Cálcio. Como características principais, apresenta coloração
especial de acordo com o alimento ingerido, sendo seres filtradores (bombeiam a
água do mar pra o seu organismo, de onde selecionam partículas convenientes
para serem ingeridas como alimento).
Nadam com a parte ventral do
corpo voltada para cima, ou seja, para a luz. Vários estudos
têm sido realizados com artemias, pois estes animais apresentam características
que sugerem um potencial biológico: possuem alto teor de proteínas e são
capazes de se alimentar de partículas orgânicas e inorgânicas em suspensão,
sendo essas partículas orgânicas como seres unicelulares do tipo: bactérias,
algas, algumas espécies de protozoários entre outros. Já os inorgânicos seriam
água e sais minerais.
Tais
características podem servir de parâmetro para uma avaliação de seu potencial
econômico e ecológico das artemias. As variações da população dessas espécies podem
ser usadas como um indicador de poluição aquática, pois, nesses ambientes, eles
irão agir de forma atípica, onde o seu comportamento morfofisiológico e
reprodutivo é quem vai determinar a qualidade do seu ambiente em questão.
Muitas vezes podem ser notados por sua mudança de comportamento ou até mesmo
embrionários, adquirindo assim, desenvolvimento gestacional direto ou indireto
dependendo dos impactos causados no ambiente.
Esse microcrustáceo encontrado ao
longo dos cinco continentes tem como habitat natural lagos de águas salgadas e
salinas, é adaptada para a sobrevivência em águas que sofrem marcantes
variações, devido às estações do ano. A ampla distribuição e facilidade de
obtenção de seus cistos fazem com que o gênero Artemia tenha sido usado
em testes de toxicidade para a ampla variedade de produtos como pesticidas,
petroquímicos, dispersantes, metais pesados, metabólicos de microorganismos e
produtos carcinogênicos, desde a década de 1950.
No Brasil estes testes foram inicialmente
utilizados pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de
São Paulo (CETESB) em meados da década de 1980 para a avaliação da toxicidade
aguda de substâncias, sendo a norma (CETESB LO5. O21) publicada em 1987. Até a
década de 90 as artêmias foram comumente utilizadas em ensaios ecotoxicológicos
com amostras líquidas, devido sua ampla distribuição geográfica e sua
facilidade de cultivo.
A
artemia pode ser utilizada como um agente de descontaminação ambiental,
particularmente em ambientes aquáticos envolvidos num processo de reciclagem
natural. Essa espécie pode ser cultivada e comercializada aumentando o
potencial econômico do município. Levando em consideração o fator ecológico,
onde o seu comportamento diferenciado, podendo assim ajudar no esclarecimento
de alguns problemas ambientais, que estão em questão, ainda determina as
questões ambientais, que de uma forma ou de outra, é de interesse humano, sendo
ele, cientifico, cultural e econômico.
Esses
microcrustáceos podem ser utilizados como fonte alternativa de alimentos de
alto teor nutritivo vive em régios de água salgada – ambiente extremo nas quais
poucas espécies se desenvolve, de forma que há poucos predadores e é um dos
melhores alimentos vivos que pode ser fornecido aos peixes; acelera a
recuperação de doenças e seus nauplios são indispensáveis na alimentação de
peixes, cavalo-marinho e corais, entre outras espécies.
Esperamos que esse
trabalho contribua para o processo educacional e cultural do nosso alunado,
afim de que eles enveredem pelos os mesmos caminhos e que possam futuramente se
tornarem reprodutores de uma consciência mais ecológica e saudável.
A Artemia sp
(Branchipus
stagnalis), conhecida também como camarão de salmora é um
microcrustaceo, braquiópoda, pertencente ao filo Arthropoda, (Storer, 1991).
Esta espécie está distribuída pelo mundo, sendo considerada cosmopolita e
adaptada a um amplo alcance de ambientes (Medel, 1997). Dependendo dos
diferentes parâmetros fisiológicos e bioquímicos do ambiente, as populações de
artemia se reproduzem sexualmente ou parterogeneticamente, liberando náuplios
ou cistos (Costa, 1985). Sendo esta a chave facilitadora que permite os
pesquisadores avaliar a qualidade da água, por meios de observações feitas no
comportamento deste animal, que por sua vez está adaptada à grande mudança
ambiental, como variações abruptas de salinidade, de temperatura e de oxigênio
dissolvido.
Uma vez que essa espécie é considerada um
ótimo bioindicador de poluição principalmente em testes de toxicidade aguda das
águas, ou seja, é aquela em que os
efeitos tóxicos são produzidos por uma única ou por múltiplas exposições a uma
substância, por qualquer via e por um curto período de tempo, sendo que as
manifestações ocorrem em um breve período. Estes testes demonstram ser muito eficazes
para a determinação da ecotoxicidade (GOES, 1998).
Desta forma este zooplâncton faz
uso do seu próprio mecanismo biológico produzindo cistos e conseqüentemente a
diapausa como meio de garantir a sobrevivência da prole anostraca (Ricci 2001; Schroder 2005).
Esta espécie está adaptada à
grande mudança ambiental, como variações abruptas de salinidade, de temperatura
e de oxigênio dissolvido (Bayly, 1972). Apresentam-se como excelente dieta
alimentar para peixes e crustáceos no ambiente natural, devido a isso preferem
habitar locais com difícil sobrevivência para outras espécies , como salinas
que atingem temperaturas de até 40ºC e salinidade de até 300 partes por mil,
pois são menos predadas (Medel, 1997).
As Artêmias são ricas em proteínas, vitaminas
(caroteno) e sais minerais, por isso são utilizadas em larga escala em cultivo
de camarões e peixes na fase larval, acelerando o crescimento dos animais,
recuperando os indivíduos doentes, deixando-os mais sadios. Apresentam também,
rusticidade operacional , facilidade no cultivo, no manejo, na estocagem do
cisto e tamanho ideal para alimentar as larvas (Costa op. cit.).
O habitat nativo da Artemia sp aqui na Região costeira
nas proximidades do manguezal do Município de Areia branca , estado do Rio Grande
do Norte é os baldes salineiros pertencentes a empresa NORSAL.
3.2 A Biologia
da Branchipus stagnalis (Artemia
salina)
O corpo
está dividido em cabeça, tórax e abdome. A cabeça consiste de dois segmentos fusionados
que suportam dois olhos pedunculados, um olho naúpilo, assim como as antênulas
e antenas. As antênulas filiformes estão localizadas na parte dorsal. As
antenas dos machos são transformadas em órgãos de preenssão. Nas fêmeas elas
são curtas e foliáceas.
A
reprodução De acordo com Mendel citado por Pereira (2001), a Artemia sp reproduz-se
por partenogênese ou sexualmente. A pré-copulação da Artemia é iniciada por um
macho comprimindo a membrana do útero e o último par de toracópodos com seu
garfo muscular. O casal nada assim por um longo período de tempo, batendo seus
toracópodos em movimento sincronizado. Os ovos são divididos em ovários pares,
que se situam nos dois lados do trato digestivo, atrás dos toracópodos. Uma vez
maduros os ovócitos são transferidos via ovidutos para dentro do útero.
Neste momento se efetua a
copulação. O macho flexiona seu abdome para frente e uma das patas que possui é
introduzida na abertura do útero onde o esperma é depositado. O que irá
determinar se a fêmea será ovípara ou ovovivípara serão os fatores ambientais, um exemplo destes fatores é a alta salinidade.
O encontrado na literatura que
provoca a oviparidade (fazer com que a fêmea solte seus cistos ao invés de
náuplios) é causa de stress ambiental, ou seja, enquanto para a obtenção direta
de náuplios (a ovoviparidade) a salinidade deve se situar entre 30 a 80 partes
por mil, valores acima ou abaixo desses provocam a "desova" de
cistos, que permanecem em estado latente até que as condições ambientais se
tornem favoráveis para a eclosão dos náuplios.
Os cistos ou ovos da artemia
possuem um diâmetro médio de 0,2 a 0,3 mm com peso entre 2,8 a 4 mg. Em seguida
é liberado um jovem náuplio com Tamanho de 0,45
mm de comprimento e 0,1mm de largura com peso de 0,01 mg. Passa de metanaúpilo
fase I e II graças as reservas vitelinas. Durante os próximos 7 a 10 dias passa
para os estágios metanaúpilo III e IV, que diferem um do outro no grau de
segmentação do corpo, na transformação da 2ª antena e na aparência das pernas torácicas.
Durante esse período o corpo aumenta de 0,5 para 2,5 a 4 mm.
Os jovens
com 5 a 6 mm até adulto 15 a 16 mm. Estão quase sempre acasalando. Crescimento
- 15 estágios do ovo até a maturidade sexual que é atingida em duas etapas.
Podem produzir 200 náuplios a cada cinco dias. Período de vida 21
dias.(Costa,1984)
3.3 Fatores ambientais
- Salinidade: entre 3 e 300 partes por mil.
- Oxigênio: o mínimo de 1 a 2 mg/l. Ótimo, entorno de 4mg/l. Pode sobreviver a baixos teores de oxigênio ( 1 mg/litro ) aonde apresenta uma cor avermelhada ( aumento de hemolinfa).
- Temperatura: suporta de 5ºC a 40ºC (ótimo de 25ºC a 28ºC).
- Luz: sensíveis a luz devido aos seus olhos compostos.
- pH: aproximadamente 8,0.
Conforme Pereira (2001) o cultivo
de Artemia sp em ambiente natural, ocorre em tanques com a lamina d’água entre
45 a 50 cm. Deve-se inocular náuplios de Artemia numa quantidade de 600
náuplios por litro com a salinidade entre 80 a 100 partes por mil, flutuação da
salinidade entre 100 a 250 partes por mil e temperatura entre 25 a 35 ºC.
A artemia salina obtém seu alimento pela filtração
da água, podendo ingerir alimento com um tamanho de 5 a 50 mícron. As
principais sugestões dadas por Pereira (op. cit) são:
- Cyanofícea: Aphanothece stagnina, Spirulina subsalsa
- Haptophyceae: Isochrysis galbana
- Chrysophyceae: Monochysis lutheri
- Bacilariophyceae: Phaedodactilum thcornutum, Thalassiosita pseudonana
- Chlorophyceae: Chlamydomonas palla, Chlotella stigmatophora, Punaliela tertiolecta
Pelas características mostradas acima, pode-se
afirmar que, este micro-crustáceo, apesar do diminuto tamanho, apresenta rusticidade
operacional, ou seja, uma grande adaptabilidade a diversas condições
físico-quimícas, podendo ser amplamente utilizado na aqüicultura, para
alimentar as diversas fases larvais e pós-larvais de peixes e crustáceos. Os
náuplios de Artemia têm um alto valor nutritivo, larvas com poucas horas de
vida possuem: 42 % de proteínas, 23,2 % de gordura e 6 calorias por grama,
enquanto o juvenil com 6 dias, tem 59,72 % de proteína, 7,0 % de gordura. Os
indivíduos adultos com 10 dias têm 62,78% de proteínas e 6,5 % de gordura. O
corpo de Artemia sp desde a fase de náupilo até adulto, não possui carapaça
rígida de quitina o que facilita a alimentação dos peixes e camarões nas fases
de larvas e pós-larvas.
Quanto a
reprodução a artemia sp reproduz-se por partenogênese ou sexualmente. A
précopulação da Artemia é iniciada por um macho comprimindo a membrana do útero
e o último par de toracópodos com seu garfo muscular. O casal nada assim por um
longo período de tempo, batendo seus toracópodos em movimento sincronizado. Os
ovos são divididos em ovários pares, que se situam nos dois lados do trato
digestivo, atrás dos toracópodos. Uma vez maduros os ovócitos são transferidos
via ovidutos para dentro do útero.
INCRÍVEL
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