Ausência da proteína 'guardiã' do DNA explica os tumores mais agressivos. Descoberta deve levar a tratamentos médicos mais precisos.
Uma pesquisa brasileira identificou uma mutação genética que está
ligada aos casos mais graves e agressivos do câncer de pênis. A
descoberta deve levar a tratamentos mais precisos, com menor risco de
reaparecimento dos tumores.
O câncer de pênis é relativamente raro, principalmente nos países mais
desenvolvidos. Em geral, está relacionado a infecções causadas por
agentes como o vírus do papiloma humano (HPV) e a bactéria causadora da
sífilis. Em uma pesquisa recente do próprio Hospital do Câncer A.C.
Camargo, o surgimento desse câncer em alguns casos foi ligado à zoofilia
– a prática de sexo com animais.
O objetivo de Rafael Malagoli, pesquisador do Hospital do Câncer A.C.
Camargo, em São Paulo, era identificar proteínas que, quando alteradas,
mostrassem alguma relação com o surgimento do câncer de pênis. A mais
importante foi uma proteína chamada "p53", que desaparecia nos casos
mais agressivos de câncer.
Em um organismo saudável, a p53 atua como uma “guardiã” do DNA celular,
nas palavras de Malagoli. Se houver qualquer alteração nesse material,
cabe a essa proteína identificar o problema e fazer com que a célula
morra.
Essa função é fundamental na defesa do corpo contra o câncer, pois as
alterações do DNA podem levar ao surgimento de tumores. Se a célula
cancerosa não morrer logo, o câncer pode se espalhar.
“Alguns cânceres estão ligados à deficiência dessa proteína”, afirmou o
pesquisador, que citou o câncer de mama, além do de pênis, entre os
provocados pela ausência da p53.
Para que essa proteína funcione normalmente, ela depende de um gene, o
TP53. A ausência é explicada, portanto, por um problema desse gene. “O
gene que expressa essa proteína sofre uma mutação e passa a produzir uma
proteína alterada, que não desempenha sua função de vigiar o DNA”,
explicou Malagoli.
Uso na prática
Quando um paciente é identificado com o câncer de pênis, a primeira providência do médico é fazer uma biópsia. Esse exame do tumor permite dizer se existe ou não deficiência da proteína por trás do surgimento do câncer.
Quando um paciente é identificado com o câncer de pênis, a primeira providência do médico é fazer uma biópsia. Esse exame do tumor permite dizer se existe ou não deficiência da proteína por trás do surgimento do câncer.
Caso haja, significa que o tumor será mais agressivo. No entanto, a
constatação não serve apenas para apavorar o paciente. Ela também
orienta o médico na hora de tratar o câncer. Sabendo que o câncer é de
um tipo mais agressivo, ele precisará retirar uma maior parte do órgão
na cirurgia. Além disso, a quimioterapia tem que ser mais forte.
Malagoli argumentou que esse é um ponto positivo, porque quando o
médico e o paciente se preparam para um tratamento mais intenso, diminui
a chance de que o câncer retorne.
O objetivo do pesquisador em seus próximos estudos é “investigar
proteínas que estejam relacionadas ao movimento da célula”. Em outras
palavras, ele quer descobrir que mecanismos fazem com que o câncer se
espalhe pelo corpo, provocando a metástase, que é o que leva à morte.
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/05/brasileiros-identificam-gene-que-causa-cancer-de-penis-mais-grave.html
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